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Volta às aulas
Pais apoiam a reabertura de escolas em São Caetano

Pesquisa com responsáveis mostra que maioria quer enviar filho ao colégio; médicos também são favoráveis

Por Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
07/02/2021 | 07:00
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São Caetano é o único município do Grande ABC que pretende reabrir as portas dos colégios estaduais amanhã, desde que a greve dos professores seja cancelada (leia mais abaixo). Desde o dia 1º, a cidade já autorizou a retomada das escolas particulares e na quinta-feira será a vez das municipais, fechadas desde o início da pandemia, em março de 2020. A retomada atende a anseio da maior parte da população, que entre os dias 25 e 29 de janeiro respondeu a questionário produzido pelo Paço no qual 53,6% dos pais de alunos do ensino fundamental disseram que querem enviar o filho para a escola.

Nas outras cidades da região o retorno das aulas na rede particular será no dia 18 e nas públicas, em 1º de março. Com exceção de Rio Grande da Serra, que suspendeu a retomada por tempo indeterminado.

Além do desejo dos pais, a decisão de São Caetano em antecipar a reabertura das escolas está amparada no que dizem os médicos. Segundo pesquisa da APM (Associação Paulista de Medicina) e da AMB (Associação Médica Brasileira), divulgada na semana passada, sete a cada dez médicos aprovam o retorno às aulas presenciais.

Clóvis Francisco Constantino, diretor acadêmico da AMB, explica que de acordo com pesquisas nacionais e internacionais, “as crianças e os aparelhos de ensino não são fontes prevalentes de transmissão e, quando contraem (o vírus), (as crianças) nem sempre adoecem e, se desenvolvem a Covid, é pouco exuberante”.

Alan Barbosa Marques da Silva, 38 anos, de São Caetano, decidiu que seu filho, Giovanni, 7, aluno do 3° ano da Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Leandro Klein, voltará para a escola. Ele explica que o filho já está animado com o retorno. “Ele tem curiosidade para saber quem é a professora, quais serão seus novos amigos”.

O professor de educação física acredita que tanto a escola quanto os pais, precisam fazer suas partes, “para que a engrenagem funcione de forma sinérgica”. “Entendo que é um tempo muito grande das crianças longe da escola. Lógico que a gente não tem como mensurar o efeito disso, mas é notório que percebemos que, mesmo com os incentivos dentro de casa, há algum retrocesso nesse processo de aprendizagem, de conquista dos conhecimentos”, explica.

Além disso, Silva acha que a retomada será para que o filho tenha contato, também, com outras crianças, “uma vez que nosso diálogo, de adulto com criança, é totalmente diferente da forma como eles interagem entre eles, da mesma faixa etária”.

De acordo com as regras da fase amarela do Plano São Paulo, na qual está toda a Região Metropolitana de São Paulo e, por consequência, o Grande ABC, a escola pode receber até 70% dos estudantes. Mas, de acordo com a Prefeitura de São Caetano, a retomada será feita com modelo híbrido, respeitando o limite de 35% para cada grupo e limite de 1h40 de aula por dia, como publicado na quinta-feira no Diário Oficial.

Com medo, professores entram em greve

A Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) anunciou na sexta-feira que a categoria decidiu entrar em greve a partir de amanhã. A decisão teve apoio de 81,8% dos professores. De acordo com o sindicato, as escolas não contam com condições sanitárias de receber os estudantes. Eles reclamam ainda que há casos de trabalhadores que foram contaminados após reuniões de planejamento, que acontecem desde o início do mês.

A Apeoesp fez levantamento que apontou 147 registros de Covid-19 em diversas instituições. No Grande ABC, por enquanto são três casos confirmados, de uma diretora da EE (Escola Estadual) Maurício de Castro, na Vila São Pedro, em São Bernardo, além de duas professoras de Mauá.

Procurada pelo Diário, a Seduc (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo) informou que “lamenta que o sindicato se paute por uma agenda político-partidária completamente desvinculada do compromisso com o aprendizado dos alunos. O sindicato ainda esquece de contabilizar os riscos diversos atrelados ao atraso educacional e à saúde emocional e mental das milhares crianças e adolescentes”.

A Seduc afirmou ainda que “tomará as medidas judiciais cabíveis e informa que, em caso de eventuais faltas, o superior imediato irá analisar a justificativa apresentada, de acordo com a legislação. Faltas não justificadas pelos profissionais serão descontadas”.

Talita Cabral, 35 anos, de Santo André, não vai mandar os filhos Luanda, 9, e Nino, 7, para a escola particular. Para a diretora teatral, ainda não é o momento. “Estamos em uma pandemia e em um momento muito pior do que antes”, diz. “Entendo as mães que não têm com quem deixar (os filhos), principalmente as de criança de creche municipal, que precisam ficar o dia inteiro. Me compadeço muito. Para elas seria muito necessário. Mas não entendo as mães que têm com quem deixar, com alguém da família, como já vem deixando, ou que conseguem acompanhar os estudos dos filhos, como é nosso caso, pois, infelizmente, estamos sem trabalho”.

Talita conta que já conversou com os filhos e também com a coordenadora da escola onde eles estão matriculados sobre a decisão de manter as aulas virtuais. “Não só pelas crianças ou pela minha mãe e minha avó, mas por eles, pelos funcionários da escola e os parentes deles. O que vejo nessa pandemia é que as pessoas não têm amor ao próximo, não àqueles que a gente conhece, mas aos que a gente não conhece”, finaliza a diretora teatral. 




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