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Terça-Feira, 30 de Abril de 2024

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Medo de ficar sem teto
Desocupação ameaça famílias em S.Bernardo

Prefeitura tem ordem judicial para remover 27 unidades habitacionais na Vila Lulaldo

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
29/12/2020 | 00:01
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O clima de fim de ano para 27 famílias da Vila Lulaldo, região do Botojuru, em São Bernardo, não será de festa e alegria. A Prefeitura aguarda até o dia 5 de janeiro para remover as casas onde elas moram, construídas próximas a um córrego. Na última segunda-feira, a GCM (Guarda Civil Municipal) só não despejou a todos porque a administração não cumpriu as exigências impostas pelo Judiciário, como integrar na ação assistentes sociais, conselheiros tutelares e psicólogos, além de ofertar transporte dos pertences dos munícipes. Agora, todos correm contra o tempo para evitar perder o teto.

Presidente da Associação dos Moradores da Vila Lulaldo, o motorista Ivo Alves de Macedo, 58 anos, afirmou que há cerca de seis meses as famílias foram informadas de que em breve haveria a desocupação. Na ocasião, segundo Macedo, a Prefeitura de São Bernardo se comprometeu a receber comissão de moradores para discutir a situação, o que nunca aconteceu. Ainda de acordo com o líder comunitário, na época em que o prefeito era Luiz Marinho (PT), foi aprovada durante uma reunião do OP (Orçamento Participativo) a urbanização do núcleo, com atendimento habitacional para as famílias e até a construção de uma creche. Nada disso foi feito.

Macedo destacou que as famílias não se negam a deixar o lugar, mas cobra da administração municipal algum tipo de apoio, como a inclusão em programa de auxílio-aluguel, até que possam ser incluídas em algum programa habitacional. “Hoje elas (famílias) já não vivem de uma maneira digna, mas vai ficar pior se forem colocadas na rua”, afirmou.

A recepcionista Janaína Candido da Silva, 33, é uma das moradoras que vivem a ameaça de perder a casa, onde mora há quatro anos com os quatro filhos. “Não temos para onde ir. Falei para o funcionário da Prefeitura que, se derrubarem a nossa casa, vamos ficar no mesmo lugar, em uma lona, porque a gente não tem para onde ir”, declarou.

A faxineira Zilma Marques Lobato, 48, divide a residência com os dois filhos e relata que tentou diversas vezes algum auxílio na Prefeitura, mas nunca obteve sucesso. “Eles ficam nos empurrando de um lado para o outro e a gente sempre volta à estaca zero”, reclamou.

O presidente da associação lembrou que a área onde estão as casas que devem ser removidas já foi alvo de remoção há 15 anos, e que a administração municipal falhou em conter a nova ocupação. “Mandamos ofício pedindo que a área fosse reflorestada, que fossem colocadas placas informando sobre a proibição de se construir e/ou vender as casas, mas nada foi feito”, explicou. “Eles também são responsáveis por esse problema”, concluiu.

Em nota, a Prefeitura de São Bernardo informou que as notificações de desocupação foram entregues atendendo determinação judicial expedida pela juíza Ida Inês Del Cid, da 2ª Vara da Fazenda Pública. Que a área, que é do município, é classificada como de alto risco pela Defesa Civil e que a invasão também infringiu leis de proteção ao meio ambiente, com a degradação ao corpo d’água e mata ciliar, originais daquele local.

A administração municipal afirmou que os moradores foram notificados em 25 de junho deste ano para deixar a área, mas que as equipes das secretarias de Assistência Social, Habitação, Segurança Urbana e da Defesa Civil estão voltadas ao atendimento às famílias para orientações e direcionamento ao programa Auxílio Renda Abrigo.




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