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Saúde física e mental em tempos de pandemia

Análise mostra que jovens brasileiros sofrem com piora na qualidade de vida nos últimos meses

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
20/12/2020 | 00:01
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Pixabay


Há cerca de nove meses todos viram suas rotinas virarem de cabeça para baixo com o isolamento físico para evitar a propagação do novo coronavírus. Escolas e universidades fechadas, rotina em casa e muitas mudanças de hábitos fizeram parte do pacote trazido pela Covid-19. Algumas complicações mentais e físicas foram registradas por parte dos adolescentes brasileiros durante a pandemia.

Pesquisa realizada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) mostra que 30% dos jovens avaliam ter tido piora no quesito saúde. Foram ouvidos mais de 9.470 jovens com idade entre 12 e 17 anos. O estudo teve começo em julho e seus resultados foram revelados no começo de dezembro.

Um dos temas mostra a baixa qualidade no sono, sendo que 36% dos participantes relataram dificuldades para descansar. A alimentação também sofreu influências na quarentena. O consumo de alimentos não saudáveis em dois dias ou mais por semana aumentou. Destaque para o maior consumo de doces e chocolates entre 58% das garotas. Ainda segundo a pesquisa, 48,7% dos jovens do País têm sentido preocupação, nervosismo ou mau humor, na maioria das vezes ou sempre.

De acordo com Rodrigo Rodrigues, médico coordenador da equipe de herbiatria do Sabará Hospital Infantil, de São Paulo, os assuntos estão intimamente ligados. “A privação do sono pode aumentar o apetite, irritabilidade, dificultar a perda de peso e atrapalhar a realização de exercícios físicos. Ao mesmo tempo que o aumento do peso eleva o risco de apneia, refluxo gastroesofágico noturno e sono de pior qualidade”, explica. “A interação entre ganho de peso e má qualidade do sono cria um ciclo vicioso que dificulta o tratamento de ambas as condições”, alerta.

Com o fechamento das unidades escolares para ações presenciais e a designação de aulas on-line, outro aspecto que sofreu influência foi o uso dos eletrônicos. Cerca de 60% dos adolescentes relataram ficar por mais de quatro horas em frente às telas de computador, tablet ou celular. Entre os jovens de 16 e 17 anos, o percentual alcança 70%. Portanto, o tempo sedentário aumentou cerca de duas horas no período pandêmico estudado.

O hebiatra conta que a movimentação neste período de distanciamento e privação da socialização é importante. “Não somente exercícios físicos como atividades físicas. O simples caminhar mais, deixar de usar controle remoto, atividades domésticas mais ativas já ajudam a gastar mais calorias e manter um nível mínimo de condicionamento em tempos de pandemia. Associado a isso, um período curto de 40 a 60 minutos diários de ações físicas pode ser o suficiente para evitar os efeitos deletérios do sedentarismo”, afirma Rodrigues. 

Ele aconselha que, mesmo em casa, os jovens se mexam de alguma forma, lembrando que atividades gerais aumentam a liberação de dopamina e endorfinas, criam a sensação de bem-estar, geram fadiga física de boa qualidade e resultam em facilidade de dormir e ter um sono mais reparador. “A atividade física propicia melhor controle da ansiedade e sintomas apáticos e abúlicos na depressão”, alerta o médico. Não é fácil para ninguém lidar com a pandemia e suas consequências.  




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