Cientistas e médicos já atestaram que a Covid-19 atua de várias formas no organismo do ser humano infectado. Causa perda de olfato e paladar, traz febre, dores de cabeça, cansaço. Há discussão se o vírus impulsiona casos de AVC e se gera inflamação no coração a ponto de impedir seu pleno funcionamento.
Da mesma forma com que o novo coronavírus apresenta multifacetas no corpo dos doentes, ele atinge as mais diversas camadas a sociedade. Ceifou empregos e empresas, mudou a rotina de trabalho, expandiu a desigualdade no Brasil.
Os reflexos são inúmeros. E o Diário traz hoje mais um deles. Diante da pandemia de Covid-19, a área da educação foi uma das mais afetadas. Escolas precisaram ser fechadas para evitar que as crianças fossem vetor do vírus. Nas públicas, criou abismo no ensino – nem todos possuem acesso facilitado à internet de qualidade ou a um computador com conexão precária que seja. Para as privadas, secou a fonte de renda.
Era natural o êxodo dos estudantes de colégios pagos para as instituições estaduais e municipais. Os números iniciais de transferência no Grande ABC – 554% a mais na comparação entre o ano passado e este, somente em escolas do Estado situadas na região – indicam a gravidade que se avizinha, porque esse percentual, certamente, aumentará até o fim do ano, quando pais decidirão se renovam ou não a matrícula dos filhos nas escolas privadas.
É por isso que urge uma decisão dos nossos gestores sobre o atual ano letivo. Quatro cidades decidiram descartar o retorno presencial das aulas neste ano. Outras três ainda estudam o caso. O martelo deve ser batido hoje, em reunião dos prefeitos no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.
Passada essa etapa, outros debates estão colocados, e precisam ser rapidamente destrinchados: como os municípios vão absorver essa demanda em meio à queda de receita? Há salas de aula para todos? Como fica para pais que não têm onde deixar seus filhos? E se a pandemia não arrefecer, como fica a qualidade do ensino virtual? As perguntas são muitas. As respostas, nem tanto. Mas não há mais tempo a perder.
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