Início
Clube
Banca
Colunista
Redes Sociais
DGABC

Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024

Economia
>
Flexibilização polêmica
Impasse jurídico prejudica a retomada

Para entidades e especialistas, a situação causa ainda mais incerteza e atrapalha a economia

Por Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
09/06/2020 | 00:04
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


O impasse jurídico que tomou conta da flexibilização de setores do comércio não essencial do Grande ABC é avaliado por especialistas e entidades como prejudicial para a retomada da economia na região. A situação causa mais incertezas e prejudica lojistas e a produção industrial. A reabertura gradual foi autorizada pela Justiça em Rio Grande da Serra, não brecou o funcionamento em Santo André e São Caetano, mas impediu em São Bernardo e Diadema (leia mais na página 5).

Os setores de comércio e serviços não essenciais não funcionam desde o início do decreto estadual de isolamento físico, em março. Nesta primeira etapa da reabertura estão contemplados locais de menor aglomeração, como escritórios e concessionárias de veículos.

Para o presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Pedro Cia Júnior, a incerteza com relação à retomada se acentua. “É um desencontro de informações que atrapalha. A população está carente de situação mais uniforme. Imaginávamos que todas as cidades teriam o mesmo encaminhamento de Rio Grande da Serra, que foi decidido no sábado”, disse.

“É lamentável. Ninguém quer a abertura escancaradamente. Mas do jeito que está, não dá mais. Os comerciantes vão quebrar, perder a atividade, não é possível suportar mais essa situação. Abre em um local e outro não, acabamos perdendo o consumidor que se desloca. Então não adianta ficar fechado. É claro que se deve tomar todas as medidas cabíveis e necessárias”, desabafou o presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura. “É preciso usar o bom-senso. Vai ter sim desobediência civil, os comerciantes vão acabar abrindo, mesmo sem permissão.”

O coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Jefferson José da Conceição, afirmou que é grande problema do ponto de vista econômico. “Temos a crise sanitária, sem uma liderança do governo federal, o que leva a Estados e municípios estarem com isolamento maior ou menor. Toda essa confusão somada a decisões judiciais diferentes”, disse. E concluiu: “Aumenta a incerteza na economia, traz mais custos, gera fuga de capital e mais custos para quem está operando, além de agravar a retomada da economia”.

Coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero também acredita que o momento é preocupante. “Essa decisão (da Justiça) só prejudica toda a economia. Ou mantém tudo fechado ou reabre, mas com cautela.”

A indústria também se pronunciou e afirmou que as cidades onde a reabertura não é permitida ficam em desvantagem. “Não tem cabimento. E é preciso urgente retomar o comércio com critério, já que nas periferias isso já está sendo feito sem nenhum critério ou segurança”, disse o diretor do Ciesp de Santo André, também responsável por Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Norberto Perrella.

O diretor do Ciesp Diadema, Anuar Dequech Júnior, classificou a decisão como “absurda e sem sentido.” “A região tem que ser tratada como uma coisa só”, disse o diretor titular do Ciesp de São Bernardo, Cláudio Barberini Junior.

Passeata pede reabertura gradual

Grupo de comerciantes de São Bernardo realizou passeata na região central, na tarde de ontem, para pedir a reabertura consciente do setor. Aproximadamente 30 pessoas percorreram, entre outras, a Rua Marechal Deodoro e a Avenida Faria Lima, e foram até o Paço Municipal, tendo como bandeira a flexibilização da quarentena e a retomada da economia com todos os cuidados para preservar vidas.

De acordo com o ativista que participou da passeata Pedro Mário Calheiros, a atividade estava marcada desde a semana passada. “Foi um ato simbólico, para mostrar que os comerciantes estão unidos. Sem nenhum cunho político”, disse ele, que também comentou que há insegurança jurídica “muito grande” pelas decisões judiciais. “Não se sabe quando o comércio vai abrir, se será agora ou daqui a dois meses. Como se mantém estabelecimento pagando aluguel e todos os custos nesta situação?”.

A Prefeitura de São Bernardo disse que fez o acompanhamento da passeata na região central da cidade. “O ato foi realizado de forma pacífica e nenhuma ocorrência foi registrada. Cerca de 30 pessoas participaram, com apoio de um carro de som”, informou, por meio de nota.  




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.