Na verdade, o cuidado dispensado à orquídea se resume a “bastante amor”, como ela define. “Não faço nada. É só o tempo. Nem água ponho porque é planta do mato”, diz, com muita simpatia. As flores, nos tradicionais tons de lilás, dão um colorido especial a seu quintal.
O exemplar foi trazido pelo irmão de dona Salua, o “negociador” Luis Nasser, já falecido. “Ele caçava no mato e um dia trouxe a muda.” Luis amarrou a planta junto ao pé de orvalha que fica no canto do quintal e dali não saiu. Das 120 flores da orquídea, 15 já caíram e dez botões estão prontos para desabrochar. “É o primeiro ano que deu tanto assim. No ano passado foram 76 flores”, diz a aposentada.
Sua filha, a comerciante Neli Nasser Bartoli de Ângelo, 54, é a responsável por contar cada uma das flores. “É que já não enxergo muito bem”, justifica Salua, que segura os finos galhos da orquídea para facilitar a contagem, trabalho que exige muita paciência.
O fato de uma orquídea selvagem ter se adaptado tão bem à cidade é motivo de orgulho. Ela não esconde a paixão pelas plantas. “Olha o meu quintal”, diz, ao mostrar as diferentes espécies de plantas espalhadas, como uma cerejeira. “Dá cada cerejinha perfeitinha.” Com os frutos da orvalha, aliás, a hospitaleira aposentada, com a autoridade de quem já comandou uma lanchonente, prepara uma pinga, servida como aperitivo.
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