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Segunda-Feira, 29 de Abril de 2024

Associação socorre moradores do Taboão em meio à pandemia

Tradicional ponto de ajuda em São Bernardo, ONG Amor e Vida viu procura por auxílio disparar desde o início da quarentena obrigatória no Estado

Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
09/05/2020 | 00:12
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André Henriques/DGABC


Antes da pandemia, Regiane Pereira, 26 anos, mantinha uma rotina. Cuidava das coisas da casa onde mora, no bairro Taboão, em São Bernardo, e dividia seu tempo com o emprego de doméstica, de onde tirava seu sustento. Mãe de seis filhos, perdeu sua renda com a chegada da Covid-19 ao Brasil e, agora, o único dinheiro que chega para a família é por meio de seu marido, que trabalha como porteiro. Assim como ela, há várias famílias nesta situação. E quando precisa de ajuda é na porta da Associação Amor e Vida que Regiane bate. A ONG (Organização Não Governamental) – que existe desde 2000 e também fica no Taboão, na Rua Ana Maria, 55 –, promove diversos trabalhos de cunho social. E, agora, com muito mais intensidade.

O local é capitaneado por Sandra Oliveira, 53. Professora da rede pública, a presidente do espaço sempre se divide entre a associação e as salas de aula. Agora, como está se aposentando, consegue se dedicar ainda mais à causa nobre que abraçou. Sorte das famílias que precisam tanto de auxílio.

Se antes da pandemia a associação atendia, em média, 30 famílias por mês, 50 quando o País passava algum aperto, agora são 200 que buscam ajuda de Sandra e dos que, como ela, mantêm o espaço funcionando. “A gente sempre atendeu famílias com cesta básica. Agora, na pandemia, a procura aumentou muito”, explica.

Sandra diz que pessoas que a ajudavam mês a mês com alimentos e doações, agora a têm procurado em busca de cestas básicas. “Aquelas meninas que fazem faxina, que são diaristas, cuidadores de idosos, manicures e cabeleireiras. Essa é a demanda que estamos atendendo”, desabafa. “As pessoas entram em contato e contam sua história. E é sempre essa: era manicure, cabeleireira e não estão podendo trabalhar, alguém que vendia alguma coisa”, diz. Segundo ela, é muita gente que ficou sem salário de uma hora para outra.

A cesta enviada para Regiane a ajudou muito neste momento. “Só temos um trabalhando aqui em casa”, lembra. “A associação sempre me socorre. Eles sempre dão um jeito. Não vou precisar comprar arroz, feijão, óleo e açúcar”, afirma. Mas, para que isso continue acontecendo, Sandra também precisa de ajuda, ainda mais agora, com o aumento da demanda.

As doações para a associação podem ser feitas no local às quintas-feiras, das 9h às 12h. “A gente vem montando estratégias para arrecadar, (falando) com amigos. Ganhei um aparelho de jantar com 75 peças e fizemos uma rifa on-line. Deu quase R$ 1.000. Fomos ao mercado comprar alimentos e produtos de limpeza”, conta, orgulhosa.

O kit montado por Sandra conta com arroz, feijão, açúcar, sal, macarrão, fubá, flocos de milho, café, molho de tomate e farinha de mandioca, entre outros produtos. Quem quiser colaborar – e quem estiver precisando de ajuda – pode contatar o espaço por meio do e-mail amor_evida@yahoo.com.br e pelo WhatsApp 9 5210 1941.
<EM>A equipe também consegue retirar alimentos. Mas para valer o gasto de combustível é necessário ser mais do que um quilo de comida, por exemplo. “Se a pessoa for doar um quilo de alimento, não consigo sair do bairro. Se for doar uma cesta básica, eu pego no (Grande) ABC. Peço para as pessoas juntarem a família, arrecadarem quantidade maior, daí vou buscar. Se for doar cinco pacotes de arroz, dez de feijão, consigo recolher.”

Além de ajudar com a cesta, a ONG ainda entrega fraldas geriátricas para cerca de 30 idosos acamados e participa do programa Vivaleite, do governo do Estado de São Paulo (que distribui o alimento para idosos), no qual 320 famílias retiram o alimento toda quinta-feira com a Sandra.

Edna Maria Pereira Lopes, 64, é uma das beneficiadas. Toda quinta-feira vai ao espaço buscar leite. “Conto com ajuda da associação desde que abriu. Este alimento que pego lá me ajuda muito”, explica ela, que mora com o marido e dois filhos no Taboão.

Ela festeja o fato de, hoje em dia, não precisar mais do que o leite. “Eles já me ajudaram com medicação para meu pai e com informações. E sempre que posso eu também contribuo. Levo alimento, roupas para os bazares que eles fazem. É um ajudando o outro.”

Sandra tem percebido que as pessoas estão muito mais solidárias. “Tenho amigas professoras. Elas fizeram uma vaquinha, conseguimos juntar R$ 550, fomos ao mercado e compramos coisas que faltavam. Montamos 24 cestas. Todo mundo está muito preocupado, querendo ajudar alguém, querendo ajudar a manicure que fez sua unha a vida inteira”, encerra. 




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