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Bolsonaro apresenta novo ministro da saúde, que diz: 'Existe alinhamento completo com o Governo'

Oncologista Nelson Teich defende isolamento físico e diz que vai focar em 'conhecer bem a doença'

Marcela Ibelli
Com Agências
16/04/2020 | 17:44
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Reprodução


Após a demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro fez pronunciamento, no qual anunciou o oncologista Nelson Teich como novo ministro da Pasta. Bolsonaro começou o discurso agradecendo Mandetta pelos serviços prestados e garantiu que a conversa com ele foi cordial. "Selamos ciclo no Ministério da Saúde. Ele se prontificou a participar de uma transição mais tranquila possível. Foi um divórcio consensual." O presidente afirmou que era um direito de Mandetta defender seu ponto de vista como médico, mas que a questão da manutenção de empregos não foi tratada como acredita que deveria ter sido. 

Ao lado do novo ministro da Saúde, Nelson Teich, o chefe do Executivo afirmou que pediu para que ele abra, gradativamente, emprego no País. "O que conversei com o Dr. Nelson ao longo desse tempo foi fazer com que ele entendesse a situação como um todo, sem esquecer que ao lado disso tínhamos outros problemas. Esse outro é a questão do desemprego. Junto com o vírus veio uma verdadeira máquina de moer emprego", disse.

Durante o discurso, Bolsonaro afirmou que o governo não tem como manter o auxílio emergencial ou outras ações por muito tempo. Segundo ele, o governo já destinou R$ 600 bilhões e os gastos das medidas podem chegar a R$ 1 trilhão. "O governo não é uma fonte de socorro eterna."  O presidente citou novamente que o isolamento social e fechamento de comércio afeta, principalmente, trabalhadores informais, que não podem ficar sem trabalho. "Como presidente da República eu coordeno 22 ministérios. Na maioria das vezes, o problema não afeta só um. Quando se fala em saúde, em vida, não pode deixar de falar de emprego, porque uma pessoa desempregada está mais propensa do que uma outra que está empregada", afirmou.

O QUE DIZ O NOVO MINISTRO

Para o oncologista Nelson Teich, antes de tomar qualquer decisão "emocional", é preciso se basear em dados. "Hoje ainda temos pouca informação sobre a doença. Começamos a trabalhar cada decisão como um tudo ou nada. Não é assim. O fundamental é que tudo seja mais baseado em informações sólidas". Segundo Teich, quando mais se entender a doença mais rápido poderá se tomar decisões como a de flexibilizar políticas de isolamento social. "Não haverá qualquer definição brusca ou radical do que vai acontecer." Mas, acredita que "as pessoas vão ter muita dificuldade de se isolar".

Segundo o médico, tudo vai ser tratado de formas técnica e científica. "O ideal é investir nos projetos de pesquisa, porque permite que se colha o maior numero de informações no menor tempo possível. Vamos trabalhar mais nas áreas de dados e inteligência," Para Teich é necessário não misturar economia e saúde. "Os assuntos não devem competir entre si", mas finalizou seu discurso dizendo que há "alinhamento completo com o Governo".

QUEM É TEICH?

O médico foi consultor da área de saúde na campanha de Jair Bolsonaro, em 2018, e é fundador do Instituto COI, que realiza pesquisas sobre câncer. Em seu currículo em redes sociais, o oncologista também registra ter atuado como consultor do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Denizar Vianna, entre setembro do ano passado e março deste ano. Teich e Vianna foram sócios no Midi Instituto de Educação e Pesquisa, empresa fechada em fevereiro de 2019.

A escolha de Teich foi considerada internamente no governo como uma vitória do secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, e do empresário bolsonarista Meyer Nigri, dono da Tecnisa. Os dois foram os principais apoiadores de seu nome para o cargo.

Teich teve o apoio da classe médica e contou a seu favor a boa relação com empresários do setor da saúde. O argumento pró-Teich no Ministério da Saúde é o de que ele trará dados para destravar debates "politizados" sobre a covid-19. A avaliação, porém, é de que ele pode enfrentar dificuldades diante da falta de expertise política, principalmente ao lidar com governadores que se opõe a Bolsonaro.

O oncologista já havia sido cotado para comandar a Saúde no início do governo, mas perdeu a vaga para Mandetta, que havia sido colega de Bolsonaro na Câmara de Deputados e tinha o apoio do governador Ronaldo Caiado (DEM-GO), agora seu ex-aliado, e do atual ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

Em artigo publicado no dia 3 de abril em sua página no LinkedIn, o escolhido para a Saúde critica a discussão polarizada entre a saúde e a economia. "Esse tipo de problema é desastroso porque trata estratégias complementares e sinérgicas como se fossem antagônicas. A situação foi conduzida de uma forma inadequada, como se tivéssemos que fazer escolhas entre pessoas e dinheiro, entre pacientes e empresas, entre o bem e o mal", afirma ele no texto.




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