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Quinta-Feira, 18 de Abril de 2024

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Na região
Vendas no comércio caem 40% na Páscoa

Estimativa é de associações do setor, que apontam quarentena e coronavírus como vilões

Por Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
14/04/2020 | 00:05
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Nario Barbosa/DGABC


O comércio do Grande ABC sentiu os efeitos amargos da quarentena nos negócios desta Páscoa. A estimativa das associações da classe é que pelo menos as vendas destinadas para a data tenham sofrido uma redução de até 40% em comparação com o mesmo período do ano passado.
<EM>De acordo com o presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Pedro Cia Júnior, quem mais sofreu foram as lojas especializadas em chocolate. “Muita gente acabou cortando o ovo de Páscoa, ou aproveitou a ida aos supermercados, que continuam abertos por serem essenciais, e acabou comprando lá mesmo. Isso sem falar as produções caseiras, que tiveram a mesma faixa de redução”, afirmou ele, ao revelar a estimativa.

“A situação continua a mesma, caótica para o pequeno comércio. Nesta Páscoa só venderam bem os supermercados e aqueles comerciantes que já atuavam com delivery. As grandes redes, em função da situação, promoveram descontos, ovos de chocolate que custavam R$ 80 foram vendidos a R$ 60 ou R$ 50, estratégia que atraiu ainda mais os consumidores. Já o comércio de rua, que também tinha uma demanda pela data, porque muitos preferiam um presente no lugar do chocolate, continua fechado. Ou seja, aqueles que mais precisam, que não têm capital de giro, não têm estrutura como os grandes, não têm como sobreviver e continuam com grande dificuldade”, comentou o presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura.

Na região, apenas o comércio essencial permanece de portas abertas, respeitando o decreto estadual de quarentena para conter o avanço dos casos da Covid-19. O setor de serviços também sofre com a redução da demanda da população, principalmente os restaurantes, que aguardavam a data para o almoço das famílias.

“Muitos passaram o feriado de Páscoa fechados. Aqueles estabelecimentos que já estavam no delivery antes da crise ainda conseguiram se manter, porque agora a aposta é nesse serviço de entrega, que tem conquistado espaço durante a quarentena. Mas, no geral, os restaurantes que montavam o cardápio com peixes, para a sexta-feira, e se preparavam para receber as famílias continuam lutando para sobreviver diante de todas as dificuldades”, disse o presidente do Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC), Beto Moreira.

AUMENTO
Em compensação, o setor de pescados registrou aumento de vendas na Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André). De acordo com o superintendente Reinaldo Messias, o acréscimo chegou a uma média de 20%. “Tivemos o delivery funcionando para os frescos no varejo e o atacado também vendeu bem. Uma das avaliações é que os comerciantes e pequenos mercados foram buscar a mercadoria na Craisa, temendo a aglomeração na Ceagesp de São Paulo. A outra é que as pessoas em casa acabam comprando uma porção maior”, disse.

Ovos de Páscoa vão continuar nos mercados

As indústrias de chocolate, representadas pela Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas) e a Abras (Associação Brasileira de Supermercados) decidiram prorrogar o tempo de permanência dos produtos de Páscoa nos pontos de venda até o dia 30 de abril.

O presidente da Abicab, Ubiracy Fonseca, diz que a adesão à campanha é opcional e que cada supermercado ou ponto de venda terá autonomia para decidir por quanto tempo os produtos ficarão disponíveis. “Há redes que já deixavam os ovos disponíveis por mais tempo após o fim de semana da Páscoa. Haverá liberdade para aderir ou não.”

Os ovos de Páscoa e produtos de chocolate do gênero costumam ir aos supermercados em consignação. Logo, quando não são vendidos, retornam às fábricas para serem destruídos. Assim, o prejuízo de uma Páscoa malsucedida para as indústrias do ramo seria grande. “Prejuízo, sem dúvida. Essa é a característica dos produtos sazonais”, comenta Fonseca.

No entanto, ainda não há estimativas de quanto se deixou de vender nesta Páscoa.

Segundo Fonseca, os mais prejudicados foram os pontos de vendas de shoppings. “Há supermercados que até acabaram com os estoques, mas os que têm lojas em shoppings podem ter sido mais afetados pela crise causada pelo coronavírus”, diz.

A Abicab e a Abras também estão lançando a segunda etapa da campanha #VaiterPáscoa, para informar aos consumidores sobre o prazo de disponibilidade dos produtos nos pontos de venda, com ações nas redes sociais e também nos supermercados e lojas.

Outra iniciativa para reduzir os prejuízos do setor, sobretudo dos pequenos fabricantes, é a campanha nacional que pede que a troca de chocolates em família, típica da Páscoa, ocorra apenas em 14 de junho. A ação é divulgada por meio da #pascoaatejunho.

Hortifrúti registra queda na procura

A busca por hortifrúti na Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) registrou queda de 30%. De acordo com o superintendente da Craisa, Reinaldo Messias, é porque os consumidores optam por outros produtos.

“As pessoas compram menos verduras e legumes que tendem a durar menos e optam por batata, por exemplo, ou produtos industrializados, que seguram um tempo a mais na geladeira”, disse Reinaldo Messias.

Segundo ele, o mercado já está se acomodando à nova demanda da sociedade, que sofreu mudanças, principalmente por causa do isolamento. “Aqueles comerciantes que vendiam para padaria, bar e restaurante sentiram a queda, mas o pessoal ainda continua trabalhando pelo delivery. Agora, quem vende para merenda está parado. Em contrapartida, quem vende para mercados está pedindo socorro aos outros. O mercado está se acomodando”, disse.

Por causa disso, não há perigo de desabastecimento, de acordo com o superintendente. “Não tem nenhum problema desse tipo. Isso só vai acontecer se todo mundo comprar de uma vez só, e é o que não deve ser feito. É possível economizar evitando frutas importadas, por causa do dólar, que está alto”, disse Reinaldo Messias.

A Craisa suspendeu atividades consideradas como não essenciais e que eram realizadas no espaço, como a feira de flores e a de peixes ornamentais. Nesse período, a companhia isentou os comerciantes da cobrança do aluguel. “Também estamos orientando essas pessoas a entrarem no programa de auxílio emergencial e baixar o aplicativo para passarem por esse período”.  




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