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Brasileira em navio na Europa: “Não temos voo para voltar para casa”

Em 10 de março, Juliana Farias, cirurgiã-dentista, embarcou com os pais no cruzeiro MSC Fantasia

Maria Beatriz Vaccari
Do Rota de Férias
01/04/2020 | 13:48
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Em 10 de março, Juliana Farias, cirurgiã-dentista, embarcou com os pais no cruzeiro MSC Fantasia. O navio zarpou de Santos (SP), com paradas programadas no Brasil e em portos da Europa. Entretanto, os planos mudaram por conta do surto de coronavírus. Agora, a embarcação segue direto para Lisboa, em Portugal, e os 459 brasileiros que estão a bordo não sabem como devem proceder, já que boa parte dos voos para o Brasil estão suspensos.

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Reprodução
Juliana Farias faz parte do grupo de 459 brasileiros a bordo do MSC Fantasia

Abaixo, confira o depoimento da brasileira a bordo do MSC Fantasia:

“Estamos a caminho de Lisboa. Saímos de Santos dia 10 de março. No embarque, respondemos um questionário. Eles queriam saber se tínhamos coronavírus. Fora isso, tudo normal. Não mediram nossa temperatura ou fizeram qualquer outro tipo de procedimento.

Descemos em Búzios (RJ) dia 11 e, em Maceió (AL), dia 13. Nesses destinos, também não mediram nossa temperatura no retorno. Embarcamos e seguimos viagem normalmente.

Dia 17, recebemos um comunicado da MSC, ,dizendo que não iríamos parar em mais nenhum porto. Vamos direto para Lisboa, chegando lá dia 22. Em 22 e 23 de março, o navio vai ser inspecionado. Todos os passageiros devem descer da embarcação entre os dias 24 e 26 e ir direto para o aeroporto.

Por enquanto, não tem controle médico e não fomos informados de casos de coronavírus dentro do navio.

Estamos tensos, pois não conseguimos voo para retornar ao Brasil. Os europeus a bordo também estão preocupados. Alguns, que pretendiam descer em cidades como Barcelona (Espanha), Marselha (França) e Gênova (Itália), não estão conseguindo voos para casa.

Os tripulantes estão proibidos de descer em Lisboa. Dia 20, vamos para em Tenerife (Espanha), mas só para abastecer. Não poderemos descer.

Os 459 brasileiros a bordo estão se reunindo diariamente. Não tivemos retorno da embaixada brasileira. Na reunião do dia 19, planejamos três sugestões. A primeira é chegar em Lisboa, deixar os europeus e voltar ao Brasil no mesmo navio. Entretanto, parece que essa alternativa está fora de cogitação. A segunda sugestão é que as empresas aéreas que venderam passagens para o nosso retorno organizem um voo a partir de Lisboa. O meu voo, por exemplo, saia de Paris em 30 de maço, mas não posso ir à França. Já a terceira opção é fretarem um voo pra a gente.

O problema é que não estamos conseguindo comprar passagem para retornar, e o governo português exige que a gente saia do navio com o tíquete de volta em mãos. Entretanto, além de não ter voo pra retornarmos, não temos 100% de certeza que poderemos descer. Só vamos saber após a inspeção dos dias 22 e 23. O que nós brasileiros acordamos é que não sairemos do navio se não for pra ir direto para um avião. Não vamos sair pra ficar dentro do aeroporto.”

O Rota de Férias entrou em contato com a assessoria de imprensa da MSC. Veja o pronunciamento da empresa:

“Há mais de um mês, estamos realizamos um grande número de ações positivas e preventivas globalmente para garantir a saúde e a segurança de nossos hóspedes e tripulantes e implementamos uma política de embarque muito mais rigorosa, bem como uma rigorosa triagem de doenças antes do embarque.

À medida que essa emergência de saúde pública continua evoluindo, as autoridades de todos os países do itinerário da Grand Voyage do MSC Fantasia fecharam efetivamente seus portos para todos os navios de cruzeiro. Devido a isso, o navio está navegando em direção a Lisboa, que será o seu destino final, e chegará no dia 23 de março, onde todos os hóspedes desembarcarão. As operações de desembarque ocorrerão nos dias seguintes, até 26 de março, com o objetivo de oferecer maior flexibilidade para a escolha do voo de retorno pelos hóspedes. Os hóspedes que reservaram seus voos com a MSC Cruzeiros, a companhia remarcará automaticamente o voo de volta. Os hóspedes que reservaram seus voos de forma independente devem entrar em contato com sua agência de viagens ou com a companhia aérea para remarcá-lo ou com o seguro de viagem.

Além disso, para maior comodidade dos hóspedes, fornecemos a todos eles acesso gratuito à internet até o final do cruzeiro.

Os passageiros receberão uma carta de crédito no valor do pacote do cruzeiro, que poderá ser resgatado em um cruzeiro futuro, a qualquer momento até o final de 2021, e um crédito a bordo de 200 Euros/Dólares, por cabine, reembolsável, a ser utilizado no futuro cruzeiro.

 Quaisquer pacotes pré-pagos (bebidas, excursões, etc.), proporcionais aos dias não usufruídos do cruzeiro, também serão automaticamente reembolsados.

 Pedimos desculpas a todos os hóspedes afetados por essa situação, que não está sob o nosso controle.”

Retorno ao Brasil 

Em 25 de março, Juliana e os outros brasileiros saíram do navio. “Fomos escoltados pela polícia portuguesa até o aeroporto. Deixaram a gente na porta do avião e voltamos em um voo fretado, que chegou a Guarulhos (SP) por volta da 1:30h do dia 26”, conta a cirurgiã-dentista.

Segundo a viajante, pessoas de outras nacionalidades também foram colocadas em voos fretados para seus países. Entretanto, ela não sabe explicar quem organizou essas operações. “O avião que nós voltamos veio da Espanha, mas não nos deram muitas informações”, afirma.

O Rota de Férias entrou em contato com a MSC, que não se posicionou até o fechamento desta reportagem.

O texto foi atualizado em 01/04.




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