A região central de São Bernardo ficou totalmente alagada após 30 minutos de forte temporal que atingiu a cidade na tarde desta sexta-feira (7). De acordo com informações de lojistas, a Rua Marechal Deodoro e a Jurubatuba foram tomadas pela água.

O alagamento maior foi na Marechal Deodoro, na altura dos números 807 até 722. Comerciantes e munícipes que estavam no local, destacaram que um possível bueiro entupiu e prejudicou o escoamento da água. O proprietário de uma loja de móveis na avenida, Ahmad Mohamed, de 36 anos, comenta que estão trabalhando no local desde setembro do ano passado, mas que não ficará mais no ponto. “Não sei o motivo da entrega do Piscinão, se não auxiliam as outras regiões. Aqui (na avenida) não tem  vazão de água, nem choveu muito e a água já invadiu lojas desse jeito”, lamenta o comerciante. Entre os produtos perdidos estão colchões, sofás, guarda-roupas e estantes. Mohamed contabiliza que os prejuízos foram muitos. “Bem mais que R$ 40 mil. O que conseguirmos vender, precisa ser pela metade do preço. É um absurdo”, destaca.

Ainda na Marechal Deodoro, a frentista Daiana dos Santos, 31 anos, tentou passar pela avenida no horário da chuva, mas percebeu que a água estava subindo e precisou sair do veículo. “Fiquei abrigada em uma loja com minhas filhas e vi meu carro sofrendo com as consequências. A água subiu até a roda e agora espero o guincho, pois não consigo ir embora”, comenta.

Em uma das travessas da Marechal, na rua Djalma Dutra, a funcionária de uma loja de cosméticos, Judite Coutinho, 46 anos, ressalta que teve dias este ano que choveu mais que hoje, porém não tinha acontecido enchente ainda. “Infelizmente, quando chove, já esperamos o pior. São quatro anos trabalhando aqui e sempre é a mesma coisa”, conta.

O estudante de contabilidade, Laércio Pereira, 19 anos, estava voltando para casa quando precisou se abrigar em uma loja de itens para celulares na avenida. "Além do caos que avenida ficou, a enchente espalha todos os lixos dos pontos para as ruas. É lamentável", critica. 

Este é o primeiro alagamento que a região Central registra desde a inauguração do Piscinão do Paço Municipal, em agosto do ano passado. O equipamento marcou a maior obra de drenagem urbana do País e prometia finalizar os problemas de enchentes no Centro. Segundo a Administração, ele tem capacidade para captar 220 milhões de litros de água, e inclui o túnel subterrâneo de aproximadamente 1 quilômetro de extensão, que liga a galeria de interligação na Alameda Glória até o Paço. A obra recebeu investimentos totais de R$ 353 milhões, sendo R$ 204 milhões, fornecidos pelo Governo Federal e R$ 148 milhões pelo município, em parceria com o banco CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina).

Questionada pelo Diário, a Prefeitura de São Bernardo afirmou que o novo sistema hidráulico do Piscinão do Paço não apresentou nenhum problema. "Não foram registradas enchentes na cidade no período, apenas acúmulos de água em pontos específicos, causados pela forte precipitação de quase 50 mm, em apenas 30 minutos. Em menos de 10 minutos, o sistema de drenagem do Piscinão absorveu toda a água, mostrando o bom resultado do sistema de drenagem entregue pela Prefeitura."

Por meio da Defesa Civil, a prefeitura informou que segundo o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), as regiões mais afetadas foram o Centro, com 39mm de água, o bairro Demarchi, onde choveu 47mm, e o Jardim Silvina, com 40mm. "Pontos de alagamentos foram registrados, mas já estão normalizados. Não foi registrada nenhuma ocorrência", informou, em nota.

Ainda segundo a Administração, o trânsito foi afetado na Avenida Prestes Maia, Rua Jurubatuba, Rua Marechal Deodoro, Avenida Faria Lima, Rua São Vicente de Paula e Avenida Maria Servidei Demarchi. "Todos estes pontos, no entanto, já estão normalizados e com fluidez normal do trânsito."