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Terça-Feira, 30 de Abril de 2024

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Investigação
Polícia prende mais dois suspeitos de matar família carbonizada em São Bernardo

Juliano de Oliveira Ramos Júnior, preso mais cedo, entregou os demais comparsas e afirmou que Carina Ramos e Ana Flávia, filha mais velha do casal, participaram do crime

Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
04/02/2020 | 13:04
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Nario Barbosa/DGABC


 A Polícia Civil prendeu, na manhã desta terça-feira (4), mais dois suspeitos de matar o casal Romuyuki e Flaviana Gonçalves, de 43 e 40 anos, respectivamente, e o filho caçula deles, Juan Victor, 15, encontrados carbonizados há uma semana no porta-malas do carro da família na Estrada do Montanhão, em São Bernardo.

A prisão se deu depois que Juliano de Oliveira Ramos Júnior, também preso hoje, por volta das 9h, prestou depoimento e confessou a participação no crime, entregando os demais comparsas, Guilherme Ramos da Silva e Michael dos Anjos. Júnior também afirmou que sua prima, Carina Ramos, 31, e a companheira Ana Flávia Gonçalves, 24, filha mais velha do casal morto – ambas presas por suspeita de participação na morte da família –, fizeram parte do assassinato.

De acordo com a declaração de Júnior, a motivação do latrocínio foi o dinheiro que a família teria herdado do pai de Flaviana, cerca de R$ 80 mil, que estaria guardado em cofre dentro da residência. O jovem disse que Carina e Ana Flávia facilitaram o acesso deles na casa, e que ele e seus comparsas fingiram render Carina e Ana Flávia. Romoyuki e Juan foram torturados e amarrados, já que não sabiam dizer a senha do cofre. Dessa forma, os criminosos esperaram Flaviana chegar, por volta das 22h, para que pudesse fornecer a senha. Quando conseguiram abrir, o dinheiro não estava no local e, por isso, os cinco participantes – incluindo a filha do casal – optaram por matar a família. No depoimento, o criminoso afirma que Ana Flávia disse que se todos morressem ficaria com a herança e seguros de vida.

únior contou ainda que Romuyuki e Juan foram mortos asfixiados ainda na casa e colocados no porta-malas do carro, um Jeep Compass de cor azul. Flaviana foi vendada e levada até a Estrada do Montanhão no banco de trás do carro da família. Carina e Ana Flávia seguiram o grupo. No caminho, os criminosos pararam em um posto de combustível e compraram gasolina para incendiar o carro com os corpos no porta-malas, a fim de dificultar a identificação.

Segundo o criminoso, Flaviana, que estava viva, foi colocada no porta-malas junto com os demais corpos e morta com golpes na cabeça, deferidos pela nora. Só depois os criminosos incendiaram o carro. Imagens de câmeras de segurança mostram que um veículo, com um sexto participante, buscou o grupo na Estrada do Montanhão.

A Justiça já expediu o mandado de prisão de um dos comparsas de Júnior, Carina e Ana Flávia -- também com prisão decretada por 30 dias. O outro participante ainda não teve o mandado de prisão definido, porém, permaneceu recluso, já que foi pego em flagrante com arma de fogo.

DEPOIMENTO SEM CONCLUSÃO

No último depoimento de Carina, a jovem descreveu o crime reconhecendo Júnior como um dos participantes, além de mais dois homens. Segundo o inquérito policial, Carina diz que ela e Ana Flávia estavam na casa da família quando, por volta das 22h, Flaviana chegou acompanhada de três homens que anunciaram o roubo.

Carina, por sua vez, reconheceu Júnior, conhecido entre familiares e amigos como Buiú ou Beiço. Segundo ela, os criminosos estavam com pelo menos duas armas de fogo, sendo que seu primo portava uma pistola calibre ponto 40, de cor prata. Ainda de acordo com as declarações dela, os assaltantes renderam todos os ocupantes da residência e fizeram ameaças, assim como exigiram senhas de banco. Levando diversos objetos, os indivíduos deixaram o condomínio no veículo da família, o Jeep Compass de cor azul encontrado posteriormente com o corpo do casal e filho. Carina revelou ainda que ela e Ana Flávia deixaram o condomínio acompanhando o carro da família, mas que o perderam de vista.

No documento que autoriza a prisão de Júnior, o Juiz Fernando Martinho de Barros Penteado solicitou medida de busca e apreensão na casa do acusado, no Jardim Santo André, a fim de encontrar os pertences levados da casa no dia do crime. O mandado deverá ser cumprido pelo delegado do caso, Ronald Quene Justiano Marques.

INVESTIGADAS
A prisão temporária de Carina e Ana Flávia foi decretada após as duas apresentarem contradições em seus interrogatórios. Em princípio, alegaram que a família tinha dívida de R$ 200 mil com agiota e que o pagamento desse valor foi o motivo para que a família tivesse saído de casa na madrugada.

Na tarde de ontem, as duas estiveram pela terceira vez no setor de Homicídios da Delegacia Seccional de São Bernardo, mas permaneceram caladas. Segundo Lucas Domingos, advogado de defesa do casal, ambas mantiveram a declaração de que são inocentes e que só voltarão a falar em juízo.

A Polícia Civil investiga ainda se Carina Ramos tem relação com traficantes de uma favela de Santo André, nas proximidades da residência do casal. No entendimento dos investigadores, as duas participaram do crime. Imagens de câmeras de segurança do condomínio onde a família morava, no Jardim Ciprestes, mostram que o carro de Ana Flávia entra e sai das dependências do local diversas vezes. Carina aparece nas gravações usando casaco com capuz, apesar de, na terça-feira, ter sido um dia quente.

Na sexta-feira à noite, a polícia fez nova perícia na residência da família Gonçalves e detectou manchas de sangue espalhadas pela casa, que estava toda revirada – os resultados das análises ainda não ficaram prontos. As autoridades tentam localizar ainda a arma utilizada no crime – laudo preliminar aponta que os três foram mortos com pancadas na cabeça.




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