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Sindicato contesta informação de Doria

Governador disse que 1.200 ex-funcionários da Ford foram contratados pela GM; seriam 30

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
03/02/2020 | 23:35
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O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC contestou informações dadas pelo governador João Doria (PSDB) de que cerca de 1.200 ex-funcionários da fábrica da Ford, localizada em São Bernardo, teriam sido contratados pela GM (General Motors). De acordo com a entidade representante dos trabalhadores, seriam em torno de 30 colaboradores.

A declaração de Doria aconteceu semana passada, em entrevista ao programa CBN São Paulo, da Rádio CBN, ao responder pergunta sobre o andamento das negociações para a venda da planta do bairro Taboão, que teve a produção encerrada no ano passado (leia mais abaixo).

“Uma boa notícia é que a General Motors, que está em São Caetano, município vizinho a São Bernardo, contratou, salvo engano, cerca de 1.200 funcionários da Ford, qualificados, portanto, especialistas para a montagem de automóveis para a fábrica de São Caetano, que foi, aliás, objeto de esforço bem-sucedido no início do nosso governo, com investimento de R$ 10 bilhões assegurados até 2022. E a GM cumpriu o compromisso de gerar 1.200 novos empregos com esses investimentos. Então, uma parte desses funcionários da Ford já está realocada, hoje, na GM e seguem os entendimentos com os chineses (referência às negociações para a venda da fábrica da Ford, que atualmente acontecem com grupos chineses)”, disse Doria.

Porém, segundo o presidente do sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, o número de contratações pela planta da GM de ex-funcionários da Ford gira em torno de 30. “Não sei como o governador chegou a este número (1.200). O que nós temos, por meio de informações que conseguimos junto ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, é que a GM contratou 350 trabalhadores no total, dos quais não mais do que 30 ou 40 são ex-funcionários da Ford. A absoluta maioria continua desempregada”, afirmou, estimando que cerca de 90% dos trabalhadores ainda não encontraram emprego.

As contratações da GM aconteceram no início deste ano para trabalhar na montagem do sexto modelo na planta de São Caetano, um SUV compacto que deverá estar disponível no mercado no fim do primeiro trimestre. Os colaboradores possuem contrato inicial de seis meses.

De acordo com Wagnão, os trabalhadores estranharam a declaração de Doria. “Eles se comunicam por meio de grupos nas redes sociais. Primeiro acharam um absurdo, e depois tentaram entender o número apresentado pelo governador”, disse o sindicalista, complementando que o dado estava “estratosfericamente fora da realidade”.

Questionado sobre o assunto, o Estado afirmou que o governador João Doria se dedica pessoalmente à busca de uma solução para o impasse gerado pela decisão da Ford. “Ele (Doria) reafirma o empenho para estimular negociações entre diferentes empresas para que o desfecho seja a manutenção dos empregos em São Bernardo”, disse, por meio de nota. “Como já noticiado por diversos veículos de imprensa, o governador se referiu ao acordo entre a GM e a Ford para a contratação de até 1.200 funcionários que se encaixem nas vagas oferecidas. O processo está em andamento”, informou.

Questionadas sobre as contratações, a Ford não respondeu e a GM disse que não ia se manifestar. A Prefeitura de São Bernardo foi questionada sobre se há avanços na negociação e afirmou que não tem novidades sobre o assunto.

Negociações continuam com chineses

Apesar de a Caoa chegar a oficializar interesse na compra da fábrica da Ford em São Bernardo, no ano passado, as negociações não evoluíram, culminando com a desistência oficial do grupo brasileiro no negócio no início deste ano. Atualmente, a norte-americana conversa com três empresas chinesas sobre a venda da unidade da região.

O governador João Doria (PSDB) afirmou, em entrevista à rádio CBN, como já fez em outras ocasiões, que há duas empresas interessadas na aquisição. Porém, conforme noticiado pelo Diário, uma terceira conversa diretamente com a empresa norte-americana.

O nome da nova interessada não foi informado por imposição de contrato de confidencialidade, porém, a Ford adiantou que se trata de uma das três maiores montadoras da China e que fabrica SUVs e picapes. As principais marcas do país asiático são a Dongfeng, First Automobile Works e Shanghai.

O sindicato pediu para a Ford solicitar às empresas interessadas a absorção de parte dos ex-colaboradores e apresentar as condições já negociadas com a Caoa.

A Ford encerrou as atividades em outubro de 2019 devido à decisão de deixar o segmento de caminhões.  




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