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Segunda-Feira, 29 de Abril de 2024

Usar bilhete único em Mauá é uma odisséia
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
01/10/2004 | 09:08
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Fazer uso do bilhete único em Mauá ainda é uma odisséia. Três meses depois de sua implantação na cidade, apenas cerca de 10% dos 80 mil usuários do transporte público do município fazem uso do sistema, que garante aos passageiros integração gratuita entre dois ônibus. O agravante é que os 350 funcionários municipais do setor ainda não se familiarizaram com a novidade e informam mal o usuário. Na quarta, a reportagem do Diário testou o sistema e obteve uma série de informações erradas sobre o seu funcionamento por parte de motoristas, cobradores e até mesmo da equipe de funcionários que fica no terminal central da cidade.

O sistema possui falhas. A reportagem conseguiu fazer uma viagem de ida e volta com a integração gratuita. Na teoria, esse retorno não pode existir, uma vez que proporciona evasão da receita que poderia ser arrecadada com a compra de um novo bilhete. O bilhete único serve para o passageiro que precisa pegar duas conduções para chegar (ou voltar) ao trabalho, escola etc. O bilhete é válido por um período de uma hora. O diretor do Departamento de Transporte e Trânsito de Mauá, Renato Moreira, não soube explicar o que ocorreu, mas garantiu que o sistema possui ferramentas que impossibilitariam o retorno gratuito.

Esse foi mais uma falha encontrada pela reportagem. O ponto de partida foi o terminal central de Mauá. Como o local é fechado, para entrar é necessário pagar R$ 1,75 - valor da passagem. Com isso, é possível embarcar em qualquer ônibus que saia de lá. No entanto, havia um problema: em nenhum momento a reportagem, que estava disfarçada, foi informada sobre a existência do bilhete único ou como deveria usá-lo. Funcionários não informaram que havia uma sala dentro do terminal onde o passageiro deve recarregar o cartão para a integração.

Segundo o funcionário, que forneceu o cartão, para fazer a integração gratuita bastava embarcar no ônibus pretendido e, ao subir na próxima condução, apresentar o cartão para o cobrador. Segui de ônibus até o Jardim Zaíra e, de lá, tentei pegar outro ônibus que iria até o bairro Alto da Boa Vista. Para minha surpresa, não consegui usar o cartão de integração. "Nesse caso, o correto seria ter carregado com a integração dentro do próprio terminal central", afirmou Renato Moreira, corrigindo a informação que havia sido passada pelo funcionário. Após pagar mais uma passagem, segui até o Alto da Boa Vista. De lá, voltei ao Centro de Mauá usando o bilhete único, prática que deveria ser impossível.

No ônibus, mais um teste: perguntei ao motorista quantas outras integrações gratuitas poderia fazer com o cartão. "Quantas vocês quiserem, dentro do prazo de uma hora", disse o funcionário. Mais um engano. O bilhete único garante uma única integração gratuita. Outras viagens que se façam necessárias devem ser pagas à parte. "Ele deve ter se confundido com o sistema de São Paulo (onde isso é possível)", justificou o diretor de trânsito e transporte de Mauá.




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