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Jovens presos injustamente são soltos em Santo André

Eles foram levados pela polícia e acusados de roubo; para familiares, meninos foram indiciados por engano

Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
15/01/2020 | 16:51
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Nario Barbosa/DGABC


Recepcionados por cerca de 60 pessoas, os jovens Kauan Oliveira Santos, 18 anos, e Lucas Andrei Nascimento Dias, 20, deixaram na tarde desta quarta-feira (15) o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Santo André, onde permaneceram presos por 12 dias. Os jovens foram levados pela polícia no último dia 2, acusados de roubo.

Familiares e amigos disseram, desde o início, que a polícia tinha errado ao prender os meninos e que os acusou “por engano”. A advogada do caso, Bruna Basílio de Morais, reuniu provas de que Kauan não estava no local do roubo e entregou à juíza do caso, Teresa Cristina Cabral Santana, da 2ª Vara Criminal. Lucas estava com ele quando a polícia os levou e, por conta destas argumentações, os meninos conseguiram o alvará de soltura e responderão o processo criminal em liberdade. A próxima audiência será no dia 1 de julho, e contará com presença de vítimas e testemunhas.

Embora o documento emitido pelo TJ (Tribunal de Justiça) tenha sido emitido após às 16h de terça-feira, a espera para saída dos meninos foi longa. À princípio, a soltura deles estava prevista para às 10h. Entretanto, somente às 15h38 o portão abriu e os jovens foram vistos.

A emoção tomou conta da porta do CDP. Entre gritos e choros, os jovens foram abraçando familiares e amigos e agradecendo a Deus pela liberdade. A advogada chegou a ser aplaudida pela multidão.

“ No dia em que fui levado nem eu entendi o que estava acontecendo. Os policias disseram que eu passaria por uma averiguação, e fiquei preso. Sou inocente. Ficar em reclusão foi um aprendizado de vida que não desejo para ninguém, ainda mais sem ter cometido um crime”, desabafou Santos.

Conforme publicado pelo Diário, José Roberto dos Santos, 44, e Luciene Sales de Oliveira Santos, 41, pais de Kauan, contaram à equipe de reportagem que o rapaz, que não tem antecedente criminal, tampouco envolvimento com drogas, tinha o sonho de ser advogado. De acordo com a família, o garoto participou do programa de jovem aprendiz do Fórum de São Bernardo e, no ano passado, entrou na faculdade de direito da Uninove, onde cursou um semestre, enquanto fez estágio em escritório de advocacia.

Após sair do CDP, Santos afirmou que vai voltar a estudar. “Meu sonho é ser advogado e agora meu objetivo vai ser me especializar em direitos humanos para ajudar a todos que estão aí dentro também”, concluiu sob aplausos.

Os pais de Kauan disseram “faltar palavras” para descrever a felicidade em ver o filho em liberdade.

Dias, por sua vez, se poupou em falar com a imprensa. Em poucas palavras sobre estar aliviado, comentou apenas que abraçar sua mãe, Elisabete do Nascimento Voltarelli, 58, foi “a melhor sensação do mundo”.

Elisabete contou à reportagem que, quando soube que seu filho estava preso, ficou sem chão. “Meu mundo parou. Agora sim estou com o coração mais em paz. Eu sabia que o Lucas ia sair”.

O CASO - Segundo os depoimentos, Kauan tinha ficado a tarde toda com a família na calçada de casa, já que o bairro estava sem energia e, por volta das 20h, trocou de roupa e avisou que iria com amigos em churrascaria, porém, antes passariam para buscar um integrante da turma no centro comunitário, localizado na Rua Fernando de Noronha, na Sacadura Cabal, bairro onde mora. Os amigos do jovem disseram que, ao chegar no local, logo a polícia "enquadrou" os garotos. Lucas estava junto deles e também é morador do bairro.

O local em que o carro foi encontrado estava a 100 metros dos rapazes. A vítima afirmou, em depoimento, que foram lavados todos os seus pertences, como celular, aliança e bolsa. Entretanto, nada foi encontrado com os acusados.

O Diário teve acesso ao boletim de ocorrência e, segundo o histórico, logo após a polícia receber informação do roubo do carro e pertences, foi acionada sobre outro crime, um roubo a transeunte, na Rua Las Palmas, altura do número 181, na Vila Palmares, em Santo André, no qual um veículo Spin, de cor preta, tinha sido usado pelos criminosos.

Na sequência, policiais afirmam ter encontrado o carro estacionado na Rua Cambuci, altura do número 10, na Vila Príncipe de Gales, em Santo André. Ao se aproximarem, notaram dois indivíduos com as mesmas características fornecidas pelas vítimas andando a cerca de 10 metros do carro e, por isso, fizeram a abordagem. Ainda segundo o boletim de ocorrência, Kauan e Lucas negaram a autoria do crime. No carro, os agentes encontraram alianças e a chave de uma residência de uma das vítimas.
 




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