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Sábado, 27 de Abril de 2024

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Dados da SSP
Na região, jovens são 53% dos desaparecidos

Do total de 80 pessoas sumidas 43 têm até 30 anos para especialistas políticas públicas são ineficazes

Flavia Kurotori
Diário do Grande ABC
25/11/2019 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


O Grande ABC tem 80 pessoas desaparecidas, sendo a maioria (53,08%) jovens de até 30 anos. Destes, 14 (17,28%) são adolescentes de até 17 anos e 29 (82,72%) adultos. Levantamento feito pelo Diário a partir de dados da SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Estado aponta, ainda, que 65% das vítimas da região são homens e 61% brancas. Em relação ao ano do sumiço, 75% dos casos (61) ocorreram entre 2017 e 2019.

Segundo Maria Helena do Nascimento, delegada-titular da 5ª Delegacia de Investigações Sobre Pessoas Desaparecidas, da Capital, 90% dos desaparecimentos são voluntários, ou seja, a pessoa deixa a residência por vontade própria. “Os jovens acabam partindo por rebeldia ou conflitos familiares, mas acabam voltando também voluntariamente”, explica.

As outras classificações de desaparecimento são involuntário – quando o cidadão some a partir de evento que não tem controle, como acidente ou problema de saúde, – e forçado (provocado por terceiros sem concordância da vítima, tal como sequestro).

Na avaliação de Ivanise Esperedião da Silva Santos, presidente e fundadora da ONG Mães da Sé, que auxilia familiares de indivíduos cujo paradeiro é desconhecido, a maioria dos casos com “finais felizes” envolve crianças que se perderam dos responsáveis e idosos com problemas de memória, como Alzheimer. “Conseguimos encontrar essas pessoas porque, normalmente, acabam indo para algum abrigo.”

Conselheiro do Condepe (Conselho Estadual de Direitos Humanos), Ariel de Castro Alves observa que os desaparecimentos também podem ser reflexo do uso de drogas e de álcool, envolvimento com a criminalidade, violência policial ou ação de grupos de extermínio, além de crianças que se perdem dos pais em locais movimentados. Em sinergia, Ivanise adiciona a conexão com crimes, a exemplo de tráfico de pessoas e comércio ilegal de órgãos.

AÇÕES

O conselheiro do Condepe estima que apenas 10% dos sumiços são solucionados e que maioria dos registros envolve famílias em situação de vulnerabilidade social – na Mães da Sé, 99% das vítimas são de baixa renda. Por este motivo, especialistas sugerem ações integradas para ajudar a encontrar pessoas.

“É inexplicável que tenhamos no País cadastros de imóveis, veículos e telefonia, mas não tenhamos cadastro de pessoas desaparecidas”, assinala Ariel. “Estamos em um mundo globalizado e de comunicação imediata, o que falta é que isso seja utilizado para garantir os direitos humanos e não só para finalidades comerciais”, completa. O Ministério da Justiça mantém cadastro nacional para desaparecidos, mas o portal não é atualizado conforme a demanda. Além disso, ele considera que os órgãos públicos não possuem integração. 

“Precisamos estabelecer políticas que determinem que, quando uma pessoa sem identificação dá entrada no hospital, as digitais e fotos sejam compartilhadas com a polícia para tentar identificar essa pessoa”, exemplifica Luiz Fernando Teixeira (PT), deputado estadual com base eleitoral em São Bernardo e coordenador da Frente Parlamentar em Defesa das Pessoas Desaparecidas.

Ivanise, por sua vez, sugere ações de apoio aos familires, como auxílio psicológico desde o momento do BO (Boletim de Ocorrência). “Fazemos o BO e fica por isso mesmo, sem nenhum tipo de amparo. Somos apenas mais um número.”

ORIENTAÇÃO

A delegada-titular Maria Helena destaca que é mito a necessidade de aguardar 24 horas para fazer o BO. Ele deve ser registrado de imediato. A partir de então, as circunstâncias serão investigadas. Uma vez que o RG fica bloqueado, quando a pessoa é encontrada, é preciso registrar o BO ‘de encontro’, desbloqueando o documento.

Família procura por mulher de 25 anos que teve surto psicológico

Dauriane Santos Barbosa, 25 anos, desapareceu no último dia 16 na comunidade Tamarutaca, na Vila Guiomar, em Santo André. Segundo a irmã, a cozinheira Érica Santos Barbosa, 30, ela surtou em razão de um problema psicológico e, por volta das 14h30, disse que iria sair de casa e não retornou. “Bateu aquele desespero todo, fizemos BO (Boletim de Ocorrência) e espalhamos alguns cartazes”, lembra.

Esta não é a primeira vez que a mulher desaparece. “Há sete meses, ela morava no Rio de Janeiro e desapareceu. Chegaram a procurá-la nos hospitais, no IML (Instituto Médico Legal) e nos abrigos, mas só a encontraram um mês depois, vagando perto dos Arcos da Lapa”, conta Érica.

Desde então, Dauriane vive com a irmã em Santo André, onde está desempregada. Ainda que a vítima afirme ouvir vozes, diagnóstico médico sobre a saúde mental dela ainda não foi feito. “Ela não quer se tratar porque não admite que é um problema, mas quando a encontrarmos vou pedir ajuda para tratá-la”, relata a irmã. 

Os especialistas classificam este tipo de sumiço como involuntário, já que foi resultado de problema psicológico. Ivanise Esperidião da Silva Santos, presidente e fundadora da ONG Mães da Sé, da Capital, destaca que a divulgação é a principal ferramenta na tentativa de localizar as pessoas.

Sumiço de adolescente em Sto.André se arrasta há 14 dias

Morador da favela do Amor, na Vila Luzita, em Santo André, Lucas Eduardo Martins dos Santos, 14 anos, está desaparecido há 14 dias. O jovem foi visto pela última vez por volta de 0h10 do dia 12, quando deixou a casa da tia em direção à própria residência, ambas na mesma comunidade. Familiares culpam a PM (Polícia Militar), dado que o sumiço teria ocorrido após abordagem policial na porta de sua moradia. Dois policiais suspeitos estão afastados.

Segundo relatos, o jovem estava indo para sua residência buscar dinheiro para comprar bolacha e refrigerante. “Ele é só um menino que sumiu porque queria comer uma bolacha”, afirma a tia, Renata Silva, 37.

No dia 15, corpo com características semelhantes às do adolescente foi encontrado no Parque do Pedroso, no Parque Miami, na mesma cidade. A família diverge em relação ao reconhecimento, assim, a identidade do cadáver depende de exame de DNA. Contudo, conforme publicado pelo Diário, a investigação começou a ser feita seis dias após coleta das amostras genéticas. A investigação, que está sob sigilo judicial, segue a passos lentos. 




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