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Domingo, 28 de Abril de 2024

Daniel Oliveira tira saltimbanco de letra
Danielle Araújo
Da TV Press
15/01/2005 | 13:45
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Daniel de Oliveira não teve dificuldades para interpretar o saltimbanco Quirino da microssérie da Globo, Hoje É Dia de Maria. Ao contrário. Afinal, ele começou na carreira artística como palhaço da boate Circuito Circo Bar, de Belo Horizonte (MG). Embora suas palhaçadas não tenham feito muito sucesso no início, o ator garante que essa é a chance de se redimir. “Vou provar com o Quirino que sou bom nisso”, diz, aos risos. Mas o que mais atraiu Daniel foi a possibilidade de desenvolver a ambivalência do personagem, que é ao mesmo tempo alegre e melancólico. “Isso é o mais fascinante porque esses extremos exigem mais concentração do ator”, afirma.

Além disso, Daniel diz que seu personagem vai exemplificar bem a precariedade dos artistas que vivem nas ruas. De acordo com o ator, Quirino é o típico brasileiro que ganha seu sustento através de palhaçadas. Mas nem sempre essa alegria tem um bom retorno. O máximo que o personagem arranca do público nem é um sorriso, e, sim, pedaços de frango ou míseros trocados. “Mesmo com esses problemas, ele ainda sonha em participar de uma grande companhia de teatro”, explica.

Para compor bem o saltimbanco, Daniel buscou as lembranças de sua infância. Nas reuniões de família, o ator conta que sempre foi a diversão da festa. “Tenho isso dentro de mim desde pequeno. Meu avô me chamava de palhaço e macaco branco”, relembra.

PERGUNTA: Você emendou as gravações de Cabocla com as de Hoje É Dia de Maria. Foi difícil separar os dois personagens?

DANIEL DE OLIVEIRA: Foi muito complicado porque fiquei totalmente dividido. Chegava em casa cansado e ainda tinha que acordar cedo. Só não fazia confusão porque os personagens eram distantes um do outro. Eu desligava um da tomada e ligava o outro. Então tinha esse momento de desprendimento. Essa é a única maneira de o trabalho render. Mesmo com os sacrifícios, o convite para fazer a microssérie era irrecusável. Depois que acabou a novela, caí dentro desse projeto com vontade. Estou pensando 24 horas nisso aqui. Chego até a sonhar.

PERGUNTA: Mas o que chamou sua atenção na microssérie?

DANIEL: O mais interessante é o local das gravações, que lembra uma bolha. O cenário é todo pintado. Trabalhar com esses símbolos e com as marionetes que comandam o nosso corpo. Parece que estamos sendo guiados por uma força maior. É muito divertido. Por isso, qualquer movimento aqui é permitido – lógico que dentro do contexto da minissérie. Também vou poder mostrar a rotina de um palhaço de rua que se sustenta com a arte. A dificuldade desses profissionais é muito grande. O Quirino faz suas graças para muitas vezes ganhar um pedaço de frango, uns trocadinhos ou até uma bebida. A minissérie exibe com bom humor a dura realidade do mundo caipira.

PERGUNTA: Como foi o processo de construção do Quirino?

DANIEL: Esvaziei o Daniel e abri espaço para o Quirino. Busquei também a minha infância. Tenho esse palhaço dentro de mim desde que nasci. Mas também fiz aulas de canto e de improvisação. Na hora de compor, dei liberdade à minha imaginação. Inclusive, o diretor Luiz Fernando Carvalho disse que a gente estava livre para criar. Isso é bom porque me sinto confortável para construir o personagem. Não tive medo de errar. Com essa liberdade, criei variações de vozes para o Quirino. Ficou muito interessante.

PERGUNTA: Você também apresenta números musicais em Hoje É Dia de Maria. O que achou do seu desempenho como cantor?

DANIEL: Tem dois números. Um que canto junto com a Rosa, personagem de Inês Peixoto, quando a gente conhece a Maria. O outro faço sozinho na despedida de Maria. Na verdade adoro cantar. Por isso não tenho muita dificuldade para atuar nessas horas. Mas nas cenas a minha voz é diferente. É mais teatral, não me preocupo em cantar certo. Procuro tornar a cena envolvente. Mas a música está nas minhas veias. Como tenho a banda Pedras pra Moer, sigo cantando. Consegui unir o útil ao agradável.

PERGUNTA: Você prefere projetos curtos?

DANIEL: Adoro fazer novela, mas microssérie tem uma magia especial. Ter oito capítulos não significa menos trabalho. Esses projetos curtos têm os processos de pesquisas mais apurados. Além disso, posso conciliar com outros projetos paralelos. Mas se surgir outro convite para um trabalho bom, mesmo longo, não vou dispensar.



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