Início
Clube
Banca
Colunista
Redes Sociais
DGABC

Quarta-Feira, 24 de Abril de 2024

Economia
>
De São Caetano
Com Klein, Casas Bahia quer voltar às origens para crescer

Objetivo é apostar no crediário, aliado à tecnologia e retomar segundo turno da Móveis Bartira

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
26/09/2019 | 07:24
Compartilhar notícia
Denis Maciel/DGABC


Com o retorno de Michael Klein ao comando da Casas Bahia, após nove anos, uma vez que a varejista, junto com o Pontofrio e o e-commerce Extra.com integram a Via Varejo, o plano para expandir o negócio é voltar às origens, ao retomar a cultura do crediário – mola propulsora do comércio fundado por seu pai, Samuel, em 1957, em São Caetano, e que foi também a responsável pela Casas Bahia alçar o título de maior varejista de eletroeletrônicos do País – aliada à tecnologia digital.

Michael contou que ontem foram completados 90 dias de sua volta ao controle do grupo. Ele, seus filhos do primeiro casamento Rafael e Natalie e sua irmã Eva detêm aproximadamente 28% das ações da Via Varejo, compondo, assim, grupo acionista minoritário de referência. Com 8%, o segundo sócio é a XP Investimentos e, na sequência, o terceiro é composto por participantes que não têm, individualmente, mais do que 2% dos papéis da companhia. O conselho, composto pelos acionistas e outros integrantes, totalizando 12, se reúne para tomar as decisões do grupo, já que o controle é pulverizado.

“Queremos recuperar a imagem e o histórico do que era a Casas Bahia e o Pontofrio. Queremos ter maior penetração, voltar às origens, com novas tecnologias, mais integrado ao digital, o modismo do momento, e voltar com os antigos crediaristas, além de conquistar novos. Acreditamos que isso vai trazer um bom retorno daqui para frente. Meu pai deixou muita coisa para mim. Queremos recuperar a empresa como ele deixou.”

Para trabalhar o carnê no ambiente virtual, a rede criou o banQi, banco digital que pode ser acessado por meio de aplicativo e será o caminho para ter um crediário sem ter de ir a uma loja. “A Via Varejo tem em seu cadastro 30 milhões de CPFs que compraram no carnê, não no cartão de crédito. E um percentual muito grande dessas pessoas não é bancarizada. Uma equipe vai trabalhar nesse arquivo e, por meio de propaganda, vai chamá-los para que possam voltar a consumir conosco. Só que agora com um crediário mais rápido e com inteligência artificial já com o histórico de crédito deles, o que costumam consumir. Isso vai agilizar e muito o crediário daqui para frente.”

Ele exemplificou que quem estiver no banco de dados da rede poderá receber, pelo celular, proposta de compra de um eletrodoméstico. O cliente já está cadastrado, então vai apontar em quantas vezes quer pagar. Aprovado o crédito, no dia da entrega seguirá, junto com o produto e a nota fiscal, o contrato de financiamento. O banQi dispõe de R$ 2 bilhões em crédito para ser usado no crediário.

“Não falando nem bem nem mal, os antigos gestores não tinham a prioridade de fazer o crediário e abandonaram o tratamento com esses clientes. Porém, para uma empresa que nasceu do crediário, fazendo financiamento, acreditamos que existem novas tecnologias para fazê-lo crescer”, afirmou o controlador da rede, ao reforçar que quer retomar a prática de inclusão de consumidores. Nos últimos anos, a Via Varejo passou pelas mãos do GPA (Grupo Pão de Açúcar), desde 2009, e do Casino, que em 2012 assumiu o controle do GPA. Ambos com tradição no ramo supermercadista.

Para fazer frente aos concorrentes varejistas, aliás, o executivo acredita que o histórico dos consumidores de crediário é uma potente arma. O trabalhador autônomo, por exemplo, também poderá optar por cartão pré-pago para fazer suas compras. Ou mesmo aderir a um cartão de crédito.

O CEO da Via Varejo, Roberto Fulcherberguer, inclusive, está na China, conhecendo o Alibaba Group e os meios de pagamento mais populares no país. “Estamos vendo o que eles podem trazer de lá, para dar uma tropicalizada e adaptar no Brasil.”

A intenção é, no primeiro trimestre de 2020, ter limpado a casa, adaptado e integrado tudo. Recentemente, foi implementado o omnichannel, ou seja, é possível comprar pelo Extra.com. retirar na Casas Bahia e trocar o produto no Pontofrio. “Antes, a CNova vendia todo o e-commerce da rede. E a Via Varejo só comercializava nas lojas físicas. Eram dois CNPJs distintos. Nós então incorporamos uma à outra”, contou. Ele revelou, inclusive, a intenção de vender o Extra.com, ao GPA, que responde só pelo comércio on-line de eletroeletrônicos. “Estamos avaliando quanto vale a empresa para negociar com eles, que já têm o direito da propaganda. Vamos seguir o bordão: Quer pagar quanto?”, brincou.

Quanto ao Pontofrio, Klein negou a intenção de extingui-la. Lembrou que a marca nasceu no Rio de Janeiro, onde é forte. “Não tem por que se desfazer de uma marca que está vendendo.” A intenção, neste caso, é também voltar à ideia original, a fim de que elas não mais concorram entre si, e reposicionar as marcas, possivelmente, ao redirecionar o Pontofrio às classes A e B, enquanto que a Casas Bahia ficaria com as classes C e D.

Outra mudança é o comportamento com relação à garantia estendida. Na gestão anterior, segundo Michael, havia um bloqueio nas vendas quando cliente que não tinha interesse, pois havia meta para os vendedores, que preferiam não efetivar a venda do que baixar seu percentual. “Desde 26 de junho, desbloqueamos as lojas quanto a isso, e as vendas a crédito estão subindo.”


MÓVEIS

A Móveis Bartira, sediada em São Caetano, fabrica e também compra de terceiros. A madeira, segundo Klein, é de reflorestamento, com certificado de origem. Ele apontou que o público que procura a Casas Bahia busca itens duráveis e sustentáveis, e este, portanto, é o direcionamento da indústria, além de se preocupar com design. A unidade emprega atualmente 1.350 trabalhadores. “Hoje, temos apenas um quinto da capacidade da fábrica. Em 2010, havia duas fábricas e, uma delas trabalhava três turnos e, a outra, dois. Eles reduziram para uma planta só e um turno. Mas, à medida em que se for vendendo mais, o primeiro passo é retomar o segundo turno e gerar mais emprego. Depois é ir para o terceiro turno e, então, ir para uma segunda fábrica.”

Klein garante que a sede da Via Varejo vai permanecer em São Caetano. “O valor do aluguel é cerca de 70% mais barato do que em São Paulo. E temos tudo montado. Estamos no Centro, bem localizados, perto de estação rodoferroviária. Vamos continuar gerando mais receita e empregando mais gente na cidade.”
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.