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Indústria da região ainda sente efeitos de cortes na Ford

Embora o segmento tenha registrado 160 contratações em agosto, resultado só foi positivo devido a mudança de empresa para Diadema

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
18/09/2019 | 07:01
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Celso Luiz/DGABC


A decisão da Ford de encerrar as atividades em São Bernardo até novembro e as consequentes demissões realizadas até o último dia de julho respingaram no setor industrial da região ainda em agosto. O efeito em cadeia dos 750 cortes devido ao fim da produção do New Fiesta e a adesão de outros 280 ao PDI (Plano de Demissão Incentivada) geraram saldo negativo de 1.110 postos de trabalho no setor em julho e, no mês passado, o montante só ficou positivo em 160 vagas devido a processo de transferência de cidade de uma metalúrgica, de São Bernardo para Diadema, o que fez com que esse município fosse o único a fechar o mês no azul, com 350 contratações.

Os dados foram divulgados ontem pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). No ano, as fábricas somam 4.850 demissões e, nos últimos 12 meses, 9.100.

O cenário é mais crítico do que há um ano, quando o setor tinha registrado saldo positivo no acumulado de janeiro a agosto pela primeira vez desde 2013, com geração de 1.110 postos, sendo 470 só em agosto. “Enfrentamos processo de recuperação muito problemático. Em um mês parece melhorar, mas, no outro, piora. Esse comportamento irregular e sem evolução efetiva na criação de emprego faz com que tenhamos a mais lenta saída de crise que o País já vivenciou nos últimos 40 anos”, assinala o coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero. “E o Grande ABC sofre mais porque possui maior concentração do setor, que dificilmente atua com emprego informal e precisa de mão de obra qualificada, o que custa mais caro e, em situação de dificuldade, é mais difícil de manter.”

Os segmentos que mais sofreram na região em agosto foram o de veículos automotores, plástico e borracha, diretamente ligados ao automotivo. Em Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra houve 150 cortes e, em São Caetano, 20.

Em São Bernardo, o saldo ficou negativo em 20 postos – contribuiu para o tombo não ser maior o fato de a Mercedes-Benz ter reativado o segundo turno de produção de chassis de caminhões. O diretor titular do Ciesp de São Bernardo, Cláudio Barberini Junior, cita que a retomada de lançamentos imobiliários, que ajuda a construção civil, contribui indiretamente para elevar a demanda de firmas que trabalham com cimento, ferro e materiais elétrico e compensar a baixa do setor automotivo. “Além disso, há vários projetos caminhando, o que deve gerar algum impacto entre o fim do ano e o início do próximo. São exemplos investimento da Scania para lançar em 2020 veículos com motores a gás e o lançamento mundial de novo carro que será confeccionado pela Volkswagen.”

Barberini citou também o fato de a Caoa assumir a operação da Ford, o que é esperado para o mês que vem, e contratar 850 profissionais que poderiam perder seus empregos. “Mesmo que a produção seja em CKD (quando o veículo é enviado desmontado), já ajuda a movimentar a cadeia.”

Em Diadema, único dos sete municípios a terminar agosto no azul, com 350 contratações, número puxado pelo fato de a cidade ter ganhado uma empresa. “Devido a incentivos da Prefeitura, uma metalúrgica está consolidando a transferência de suas operações de São Bernardo para cá”, afirmou o diretor do Ciesp Anuar Dequech Júnior, que preferiu manter o nome sob sigilo pelo fato de a firma ainda não ter concluído a mudança. “Diadema também possui pequenas indústrias que trabalham para terceiristas e já estavam represando alguma contratação para preparar pedidos para o fim do ano, o que também pode ter ajudado para elevar o número de postos de trabalho no setor.”
 




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