Otimista, mercado imobiliário da região dobra número de unidades novas; vendas, porém, caem 48%
O mercado imobiliário do Grande ABC recuperou o otimismo no primeiro semestre e aproveitou para lançar unidades que estavam represadas desde o ano passado, devido ao pessimismo com os rumos da economia e o desemprego em alta. De janeiro a junho, conforme números divulgados ontem pela Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), foram anunciados 1.062 apartamentos novos, o dobro do mesmo período em 2018 e o primeiro crescimento após dois anos de queda.
As vendas, no entanto, não acompanharam as perspectivas ascendentes, e registraram tombo de 48% no primeiro semestre: foram comercializadas 769 unidades na região. Para se ter ideia, o volume representa 29% do que foi faturado ao longo do ano passado, com 2.647 apartamentos. “Nós vamos superar número de 2018. O segundo semestre é sempre melhor para o setor do que o primeiro. Tivemos um início de ano otimista, mas, em março, com o atraso do andamento das reformas previdenciária e tributária, o consumidor colocou o pé no freio. Agora, porém, a confiança nas mudanças está aumentando”, assinalou o presidente da Acigabc, Marcus Santaguita. “Este é um ano de recuperação, embora a intensa retomada das vendas seja aguardada somente para 2020, com a melhora do cenário econômico como um todo, a aprovação das reformas e a volta de investimentos por parte da indústria, assim como a geração de emprego.”
Para Santaguita, contam a favor do consumidor o fato de os bancos terem reduzido os juros e as exigências na hora de liberar o financiamento do imóvel. “Hoje, as taxas giram em torno de 8,5% a 9% ao ano, percentual que já chegou a 13% ao ano, e as instituições estão mais flexíveis na concessão de empréstimo. O cliente que antes só comprovava que tinha condições de honrar o acordo com holerite, hoje pode fazê-lo com extrato de cartão de crédito e movimentação bancária, por exemplo”, citou.
NA PLANTA
No primeiro semestre, conforme os dados da Acigabc, 70% das vendas foram realizadas na planta. O que, segundo o presidente da entidade, estimula bastante tanto o setor, que se prepara para produzir mais, como o consumidor, uma vez que a entrada é parcelada, geralmente, em até 36 vezes, direto com a construtora. “Com o banco, normalmente são exigidos de 20% a 30% do valor como entrada, o que dificulta a aquisição da casa própria.”
Santaguita destaca ainda que a movimentação na planta também contribui à formação de estoque, hoje em 1.829 unidades – para se ter ideia, a média do setor na região, em tempos sem crise, é de 4.000, justamente para evitar maior pressão no preço – e que foi reduzido em 8% no semestre. Desses, 1.128 apartamentos estão em construção, 610 na planta, ou seja, ainda serão erguidos, e 98 prontos e novos com até três anos da data da entrega. O menor patamar do estoque foi atingido em 2018, com 1.085 exemplares.
PERFIL
A aposta das construtoras na região está em lançamentos voltados à classe média, com dois quartos e entre 45 e 65 metros quadrados, com 882 unidades. “Elevamos um pouco o padrão, que até então era voltado a unidades com até 45 metros (que não teve lançamento no semestre) e com perfil Minha Casa, Minha Vida. Agora, a ideia é dar um upgrade, com dois banheiros, sendo uma suíte, e varanda gourmet”, disse Santaguita.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.