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Grande ABC perdeu 206 leitos pediátricos nos últimos dez anos

Em todo o País, foram desativados 18 mil postos; crise e mudança no perfil do atendimento estão entre as causas, segundo especialistas

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
19/08/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 O Grande ABC perdeu, em dez anos, 206 leitos de internação infantis. Segundo dados do CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde) do Ministério da Saúde, em 2009 haviam 694 postos do tipo na região, sendo 381 públicos e 313 privados. Já em 2019, até julho, a região contava com 488 vagas de internação para crianças: 272 no SUS (Sistema Único de Saúde) e 216 da rede particular – recuo de 30%.

Levantamento semelhante feito pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) apontou que de 2010 a 2019 o Brasil teve mais de 15 mil leitos de internação infantis do SUS encerrados, passando de 48,8 mil para 35 mil, com dados relativos a maio. Na rede privada, foram fechadas 2.130 vagas – passaram de 10.910 leitos para 8.780 no período.

Para a presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva, os dados fazem justiça ao panorama de limitações e precária infraestrutura com as quais profissionais que realizam assistência pediátrica são obrigados a conviver diariamente. “A queda na qualidade do atendimento tem relação direta com recursos materiais insuficientes. Essa progressiva redução no número de leitos implica obviamente em mais riscos para os pacientes, assim como demonstra o sucateamento que se alastra pela maioria dos serviços de saúde do País”, afirma.

Presidente do departamento de terapia intensiva da SPSP (Sociedade de Pediatria de São Paulo), Regina Grigolli Cesar afirmou que a crise que afeta a economia brasileira tem refletido na saúde. “É um impacto grande para a população, que certamente vai estar menos assistida, o que pode levar a um número maior de perda de pacientes”, pontuou.

Professora responsável pela disciplina de saúde coletiva da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Vânia Barbosa do Nascimento destacou que é preciso lembrar que a mudança no perfil da população também implica em alterações nos atendimentos. “Na região, vem caindo o número de internações por quadros de desidratação e desnutrição, por exemplo. Essa mudança e a queda no número de leitos acompanha o perfil de morbidade da população infantil”, justificou.

Vania relatou que a expansão do acolhimento na atenção básica, com as ESFs (Equipes de Saúde da Família) e da cobertura vacinal também explicam, em parte, a desativação desses leitos. “Não necessariamente é o fechamento de um serviço, mas readequação em face à maior resolutividade para os pacientes em atendimentos ambulatoriais”, completou.

Na contramão, vagas de UTI neonatal e infantil têm alta

Se o Brasil, o Estado de São Paulo e o Grande ABC assistiram, nos últimos dez anos, ao fechamento de leitos de internação infantil, a situação para vagas em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) é oposta. Segundo dados do CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde) do Ministério da Saúde, a região contava com 231 postos de UTI neonatal e infantil em 2009, número que passou para 283 em 2019, acréscimo de 22,51%.

Professora responsável pela disciplina de saúde coletiva da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Vânia Barbosa do Nascimento explicou que esse aumento visa atender as demandas atuais. “Hoje é possível garantir a sobrevida de bebês prematuros extremos, que nascem com peso próximo a 500 gramas. Nestes casos, o leito de UTI é imprescindível”, citou.

O avanço contínuo nos nascimentos por cesariana também está relacionado ao aumento no número de leitos de UTI neonatal e infantil. Segundo números do Datasus, banco de dados do Ministério da Saúde, 63% das mulheres que deram à luz na região em 2016 (último ano disponível) foram submetidas à cirurgia. “Esse bebê, na grande maioria dos casos, vai precisar ir para a UTI”, considerou Vânia. A docente lembrou, no entanto, a importância em se incentivar o parto normal. “O nascimento por via vaginal propicia melhores condições para mãe e bebê”, completou.




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