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Quinta do Olivardo oferece culinária, vinhos e atividades para toda a família em São Roque

Por Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
20/06/2019 | 07:13
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Divulgação


A passagem aérea para Lisboa e o euro estão muito caros, mas bateu saudade da Terrinha? Simples! Bem pertinho do Grande ABC (a cerca de uma hora e meia de carro), São Roque oferece opção que parece te transportar instantaneamente para Portugal: a Quinta do Olivardo. Basta adentrar à propriedade – chegar cedo (abre às 9h30) é dica valiosa –, localizada no quarto quilômetro da Estrada do Vinho, para começar a identificar ou se familiarizar com os elementos: o fado no sistema de som, o sino que toca a cada fornada que sai na minifábrica de pastéis de Belém, os simbólicos galos por todos os lados, parreiras e, consequentemente, vinho, acompanhado de muita culinária característica dos nossos colonizadores.

E engana-se quem pensa que apenas encontrará receitas com o bacalhau como estrela principal em um dos dois restaurantes do local. É bem verdade que essa especialidade compõe as principais opções do cardápio, preparada de 18 diferentes – e apetitosas – maneiras (os pratos bem servidos para duas pessoas saem, em média, R$ 190), mas também há outros peixes, como salmão e sardinha, carnes bovina (aproximadamente R$ 50 o filé mignon), suína (o leitão à bairrada atrai fãs ao local) e de frango, e até mesmo opções vegetarianas – a lasanha de alcachofra é saborosíssima (por R$ 80). E tudo servido em porcelana portuguesa, o que dá ainda mais pompa à situação, acompanhado de vinho ou suco de uva (tinto ou branco, por R$ 15 o litro) produzidos no local.

Para quem não quiser desfrutar de uma refeição completa, pode optar por aperitivos que são vendidos em espécies de ‘barraquinhas’ que formam uma pequena vila – que muito lembra os estreitos caminhos compostos por pedras no chão e comércios ao redor em Óbidos ou Sintra – e oferecem desde bolinho de bacalhau (a opção com queijo sai por R$ 11), alheira defumada ou sardinha na brasa, até pastéis de Belém (R$ 8 a unidade), de Santa Clara ou de Coimbra, o típico tentugal, o bolo do Caco (diretamente da Ilha da Madeira, a R$ 6) ou a deliciosa rabanada portuguesa coberta por mel e acompanhada de sorvete de creme e calda de vinho. Difícil escolher só um.

Comer bem é o ponto de partida para um dia repleto de atividades. Caminhar pelas parreiras – nesta época, ainda sem os cachos de uva – para fazer a digestão pode ser boa pedida. Galinhas e galos caminham soltos pela propriedade e as crianças se divertem perseguindo os animais. Além deles, ainda há uma fazendinha, com coelho, vaca, boi e cavalo, que podem ser alimentados. Ao lado, um lago permite minipesca, enquanto outro tanque é reservado para pedalinho e bola inflável (serviços pagos). Há ainda brinquedos de madeira – balanços, gangorra, trepa-trepa, cavalinho, escorregador e pula-pula. Para os corajosos, ainda há duas tirolesas (cobradas à parte). Ou seja, programa para toda a família – inclusive para os pets, que são aceitos – desde cedo (aos sábados, fecha às 21h45; nos demais dias, o encerramento das atividades é às 17h30).

Aliás, todo terceiro sábado do mês, a partir das 20h, é feito o enterro do ‘vinho dos mortos’, em meio às videiras. Covas são abertas e garrafas são depositadas e cobertas por terra. Isso porque, conta a história, que durante a invasão francesa a Portugal, os portugueses enterravam as botelhas para que os inimigos não as encontrassem. Depois que os napoleônicos foram embora, os recipientes acabaram resgatados e, para surpresa dos lusos, a temperatura constante e a escuridão deram novas propriedades e sabor aos vinhos.


FESTA JUNINA

No dia 29, das 11h às 22h, a Quinta do Olivardo promoverá aos visitantes festa junina (entrada gratuita) com elementos portugueses. Em vez do tradicional correio elegante, haverá o manjerico, entrega de pequeno vaso de barro com um pé de manjericão enfeitado com dobradura de papel em formato de coração e bandeirola com um verso apaixonado. No local, serão vendidas comidas (doces e salgadas) e bebidas (alcoólicas e não alcoólicas), haverá apresentação de quadrilha e dupla sertaneja, entre outros. É como diz placa na propriedade: ‘O vinho dos mortos, que alegra os vivos’.


Do desemprego e da depressão para o sucesso

“Sonhe com aquilo que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que quer.” Foi esta frase da escritora e jornalista ucraniana naturalizada brasileira Clarice Lispector que inspirou Olivardo Saqui a tomar uma atitude ousada em 2007. Desempregado e com três filhos pequenos para criar, caiu em depressão, mas numa manhã, ao ouvir a apresentadora Ana Maria Braga passar a mensagem pré-citada em programa matinal de televisão, foi um gatilho para que aquele ex-empregado de uma vinícola em São Roque vendesse seus únicos bens (uma casa e um carro), comprasse um sítio (de nome Abaçai), construísse um barracão e iniciasse a plantação de pés de uva. A primeira muda, inclusive, segue preservada e cercada por um vidro no meio do restaurante.

Até a primeira colheita, aproveitou para vender produtos de outros fabricantes da região. Com o passar do tempo, os visitantes que chegavam para comprar os vinhos produzidos por Olivardo pediam um acompanhamento para comer. Foi aí que sugeriu para sua mulher, portuguesa, Cintia, que fosse à cozinha, e passou a oferecer bolinhos de bacalhau – antiga receita de sua família. A partir daí, o aperitivo já não era suficiente e evoluiu para refeição completa, colocando o bacalhau como carro-chefe entre as receitas.

É exatamente desta maneira que o proprietário conta a história do local, o qual passeia de cima abaixo e em meio aos visitantes carregando o neto Henri Luca, a quem exibe como verdadeira porta-estandarte e confessa: será o herdeiro do espaço.

GRANDES NÚMEROS

O empresário conta que, ultimamente, recebe entre 7.000 e 9.000 visitantes por fim de semana na Quinta do Olivardo – o que ultrapassa 460 mil pessoas por ano. Muitas comparecem ao local não apenas pela gastronomia ou pela gama de atividades, mas pela experiência. Isso porque entre janeiro e fevereiro promove a pisa da uva, na qual, após a colheita, as frutas são pisadas pelos visitantes à moda antiga, em método completamente artesanal. “O peso sobre os calcanhares não quebra a semente, diferentemente do que acontece com o maquinário”, revela Olivardo, que enxerga tal motivo para diferença no sabor final do vinho. 




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