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Terça-Feira, 23 de Abril de 2024

Política
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60 anos
Sindicato dos Metalúrgicos afina discurso após era do PT

Dirigentes da entidade, que completa hoje 60 anos, resgatam tom de postura do passado e tratam de mobilização

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
12/05/2019 | 09:34
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Banco de Dados


 Tido como referência na luta pela retomada da democracia nos anos de chumbo e pela garantia dos direitos dos trabalhadores, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC calibra o discurso depois de passada a era do PT, capitaneada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, comandante por dois mandatos consecutivos da entidade, que hoje chega a 60 anos. Dirigentes e ex-líderes do órgão resgatam postura do passado, elevando o tom da pauta nacional e reinserindo o sindicalismo na toada da mobilização contra projetos tocados pelo governo federal.

Com o impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016, a reforma trabalhista de Michel Temer (MDB), a prisão de Lula e a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro (PSL) como presidente da República, o sindicato, ainda um dos mais representativos do País apesar da redução da base de trabalhadores, tem o desafio de reaver o histórico combativo que norteou a sua trajetória, vanguarda do movimento operário, que fazia oposição à ditadura e de briga pela manutenção de empregos, principalmente, no fim da década de 1990.

Na comemoração do 1º de Maio, ato em conjunto da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da Força Sindical, algo inusitado. Atual presidente da entidade, Wagner Santana, o Wagnão, alegou que jogos políticos impediram que essa unidade acontecesse, por preferências partidárias ou ideológicas. “Infelizmente, fomos vítimas disso. O que acho que nos coloca juntos foi o assanhamento da política que chamo de liberalismo anárquico, uma nova concepção político-econômica. É isso que esse governo defende: tira tudo o que o Estado controla e não coloco nada no lugar, porque o mercado determina”, pontuou. “Há falta de rumo desses dirigentes. Temos um presidente, do ponto de vista intelectual, incapacitado para a função exerce.”

Embora faça ressalvas, Wagnão criticou a mudança, por decreto, na legislação que trata da contribuição sindical. Admitiu que a decisão terá reflexos na entidade. “Claro que impacta, o que não significa dizer que somos favoráveis aos sindicatos de gaveta, que não têm proposição ou poder de se articular. Seremos afetados do ponto de vista econômico, mas o que eles querem de fato atingir são aqueles sindicatos que têm organização e capacidade de mobilização.” Ponderou que mesmo com as divergências políticas, não haverá constrangimento em dialogar com o governador João Doria (PSDB), o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) ou com o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB).

Ex-metalúrgico da Ford e presidente de 2005 a 2008, José Lopez Feijóo relembrou a participação do sindicato nas grandes greves, iniciada na Scania, que ajudaram na reabertura do País. “Sem sindicato não há democracia. Querem retirar direitos e enfraquecer. Para isso, precisam destruir sindicatos, liquidar movimentos sociais. Esse é o plano, acabar com as instâncias de mediação, que são o termômetro indicativo da democracia saudável”, disse, ao acrescentar que o atual governo implanta modelo de barbárie. “Está se construindo regime autoritário, mas o povo saberá resistir.”

 

Entidade sindical diminuiu a produção de lideranças políticas

 

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC viveu seu auge político nos anos 1970 e 1980. Neste período, virou celeiro de lideranças que enveredaram pelo caminho eleitoral. A principal delas, Luiz Inácio Lula da Silva. Mas remontam a esse tempo nomes como Gilson Menezes (ex-prefeito de Diadema), Mauricio Soares (ex-prefeito de São Bernardo), Vicentinho (atual deputado federal) e Luiz Marinho (ex-prefeito de São Bernardo).

Em 2002, o ápice político do sindicato aconteceu com a eleição de Lula para a Presidência. Aquele que foi o passo mais importante de um integrante da entidade também serviu para arrefecer o trabalho de base do sindicato. Isso porque muitas de suas lideranças foram para o governo e os dirigentes sindicais demonstravam receio em criticar ações da administração do petista.

Reflexo direto disso foi a redução da produção de quadros políticos. O último presidente que se candidatou a cargo público foi Marinho – ele deixou o comando da entidade em 2003. Outro número corrobora com a redução de força do sindicato nos últimos cinco anos: houve queda na quantidade da base da entidade. Caiu de 103,6 mil profissionais para 70 mil.




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