Homicídio, em Rio Grande da Serra, registrado como tentativa de roubo, foi motivado por vingança
A noite de 24 de abril de 2018 jamais será esquecida pelo casal Andrea Pereira, 46 anos, e João Batista dos Santos, 50. Naquela data, a tentativa de um assalto à residência da família, no bairro Parque do Governador, em Rio Grande da Serra, terminou com a morte do filho do casal, Yuan Pereira Santos, então com 22 anos, atingido por três tiros. Um ano depois, as investigações da Polícia Civil demonstraram que o crime, na verdade, foi premeditado e encomendado, motivado por ciúmes.
A família havia se mudado para a casa onde o crime ocorreu há menos de um ano, em busca de um local tranquilo. A propriedade, que ainda está sendo finalizada, não tinha portão na época do incidente. “Bateram na porta e eu achei que era um dos nossos vizinhos. Aqui é muito sossegado. Quando abri, eles anunciaram o assalto, mas estavam muito nervosos, eu pedia calma. Meu filho ouviu nossas vozes e veio ver o que estava acontecendo. Assim que o avistaram, atiraram”, relembrou Andrea. Um dos disparos chegou a atingi-la na mão. Os assaltantes fugiram sem levar nada.
O jovem, estudante de engenharia civil, teria tido envolvimento com uma colega de trabalho, que era casada. Os dois passaram algumas horas juntos em uma noite de março de 2018 e a mulher contou o episódio ao marido, Hernani Goulart da Mota Silva, 30. Em 22 de março, Silva danificou o carro de Yuan, que estava estacionado em frente ao seu trabalho, na Aciarp (Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Ribeirão Pires). “Todo mundo viu. Ele pegou um pedaço de pau e acabou com o veículo do meu filho”, relembrou a mãe. Após esse episódio, houve um encontro na casa da família, em que estiveram presentes Hernani e a mulher, Yuan e sua noiva, alguns familiares e, aparentemente, todas as partes se entenderam.
Foi apenas um mês após a morte do filho – que chegou a ficar quatro dias internado antes de morrer – que os policiais da delegacia de Ribeirão Pires, onde o caso inicialmente foi investigado, falaram das suspeitas. “Eles já sabiam de toda a história, do carro do meu filho que foi quebrado, tiveram acesso a áudios do Hernani o ameaçando, coisas que a gente nem imaginava”, afirmou Andrea.
No último mês, Silva e seu primo, Jonathas Mota Pires, 23, foram presos temporariamente, por 30 dias. A tese da polícia é a de que Silva foi o mandante do homicídio e Pires teve atuação no planejamento e execução do atentado. O depoimento de uma testemunha, que está sendo mantida sob proteção, coloca os dois perto da cena do crime. Os dois homens que simularam o assalto e atiraram contra o jovem ainda estão sendo procurados.
“O que a gente teme hoje é que as pessoas não sejam presas ou que quem está preso seja solto. A gente quer justiça”, declarou Andrea, sem conter o choro. “Ele era um ótimo filho. Só estudava e trabalhava, não bebia, ia casar”, completou. Os pais do jovem elogiaram a atuação da investigação policial. “Foram incansáveis e dedicados”, concluíram.
A equipe do Diário não conseguiu contato com a defesa de Silva e Pires até o fechamento desta edição.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.