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Associação quer dedicar março à conscientização ao mieloma múltiplo

Câncer hematológico raro tem difícil diagnóstico e normalmente afeta pessoas a partir dos 50 anos

Aline Melo
17/03/2019 | 07:34
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Divulgação


A Abramm (Associação Brasileira de Mieloma Múltiplo), instituição de São Bernardo fundada oficialmente em 2016, quer que este mês seja reconhecido como Março Borgonha, período de combate e conscientização sobre mieloma múltiplo, câncer hematológico raro que afeta 7.600 brasileiros por ano. “Março já é dedicado ao combate ao câncer e borgonha é a cor do mieloma”, explicou o advogado especialista em saúde e fundador da Abramm, Rogério de Souza Oliveira, 49 anos.

O objetivo da associação é que, assim como ocorre com o Outubro Rosa e o Novembro Azul, cujas atenções estão voltadas para os cânceres de mama e próstata, respectivamente, março possa ser lembrado pelo combate ao tipo de neoplasia que atinge a medula. “Estamos nos aproximando das prefeituras da região para que haja parcerias, campanhas e palestras, a fim de divulgarmos informações sobre a doença”, completou. Atualmente, 70 pessoas fazem tratamento ou acompanhamento da doença no ambulatório de hematologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC). Segundo o Datasus, em 2016 (último ano disponível), 30 moradores da região morreram pela enfermidade.

O mieloma múltiplo é um câncer que ataca os plasmócitos, células do sangue localizadas na

medula, e sua progressão normalmente é lenta. “Essas células transformadas vão aumentando e ocupando o espaço das células saudáveis, que também são responsáveis pela produção de anticorpos”, explicou a professora da disciplina de oncologia e hematologia da FMABC, Davimar Miranda Maciel Borducchi. Os sintomas são dores na coluna, anemia e fraqueza. No Brasil, a maioria dos pacientes tem a partir de 50 anos. Em outros países, a enfermidade ocorre a partir dos 60. “São sintomas muitas vezes confundidos com outras doenças de idosos, por isso, o diagnóstico costuma ser tardio”, completou a médica.

Para identificar o mieloma múltiplo, são necessários exames específicos que vão verificar a alteração das células da medula e procurar a presença de cálcio no sangue, devido ao desgaste dos ossos, comum ao quadro dos portadores da doença. “É importante a gente falar sobre o mieloma para que as pessoas e, especialmente, os médicos pensem nele. Para que quando receberem um paciente com os sintomas, cogitem investigar a presença na neoplasia”, defendeu a professora.

Ainda não existe cura para o mieloma múltiplo, mas uma vez que tenha sido diagnosticada a doença e o paciente tenha acesso à quimioterapia, é possível controlar a enfermidade e passar para o que os médicos chamam de fase de remissão. “Temos tido muitos avanços quanto aos tratamentos, especialmente na última década”, afirmou Davimar. Uma das possibilidades é o transplante autólogo de medula: as células da medula do paciente são retiradas, criopreservadas (mantidas congeladas), é administrada uma quimioterapia de alta intensidade e a medula é devolvida. “Isso não elimina a necessidade de quimioterapia, mas consolida o tratamento inicial e aumenta a sobrevida do paciente”, completou.

Não existe fator hereditário para o mieloma múltiplo e, entre os riscos, a professora cita a exposição à radiação, ao benzeno (matéria-prima de plásticos, gasolina e tintas) e aos derivados do produto. “Por termos um polo petroquímico na região (entre Santo André e Mauá), podemos falar que a proximidade com esse local é um fator de risco para o surgimento da doença”, pontuou Davimar.

Diagnóstico tardio pode deixar sequelas

A analista financeira Ana Paula Conceição, 41 anos, começou a ter dores na coluna em 2015 e procurou um ortopedista. Por meses, a moradora de São Bernardo lidou com a possibilidade de ter hérnia de disco e foi medicada com anti-inflamatórios. O tempo foi passando e a dor aumentando. Até que uma médica pediu um exame de sangue e, após o resultado muito alterado, internou Ana Paula e a encaminhou para um hematologista. Havia sido diagnosticado o mieloma múltiplo.

“Os médicos começaram a investigar, fiz mais exames e fui transferida para o IBCC (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer), onde fiquei dois meses”, relembrou. A agressividade da doença foi tamanha que a analista chegou a ficar mais de um mês sem andar, precisou usar um andador e devido à demora no diagnóstico, teve um pequeno achatamento das vértebras.

Depois de passar por dois transplantes de medula em 2016 – um autólogo e o outro por doação de uma irmã -, a doença de Ana Paula está controlada. Recentemente, ela voltou a trabalhar. “É preciso divulgar que o mieloma múltiplo existe. Quando descobri que estava doente, nunca tinha ouvido falar sobre ele”, relatou. 




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