Para simbolizar a importância que o assunto representa para o seu governo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi pessoalmente ontem entregar à Câmara dos Deputados proposta de reforma da Previdência. A pompa e a circunstância são compreensíveis. A medida é essencial para sanear as contas públicas e evitar o iminente colapso no sistema de assistência social do Brasil. Pela expectativa da opinião pública sobre o tema, não é exagero dizer que o sucesso da atual gestão, que está apenas começando, depende da aprovação do pacote no Congresso.

Como a administração Jair Bolsonaro protegeu a proposta a sete chaves, pouco se sabia, até agora, sobre os pontos da reforma além das idades mínimas para se aposentar (62 para mulheres e 65 para homens). Manter o encastelamento, aliás, foi um dos erros do governo. O Planalto deveria aproveitar que a sociedade parece compreender a necessidade de se alterar as regras para tornar o País sustentável financeiramente para ressaltar seus pontos de vista em ampla campanha de divulgação – ter a população como aliada seria providencial ao governo caso deputados e senadores resolvessem, motivados por interesses nem sempre legítimos, dificultar o andamento dos trabalhos.

Ter ignorado o trabalho de convencimento da opinião pública até o momento não significa que o governo não possa fazê-lo daqui para a frente. Traduzir em linguagem clara cada um dos tópicos da reforma previdenciária, defendendo nos canais de comunicação à disposição do governo que sua aprovação é imperiosa para que todos possam se aposentar, seria essencial para manter a mobilização popular em alta.

A sociedade tem consciência de que algo precisa ser feito para acabar com as distorções no pagamento do benefício. Jair Bolsonaro tem o apoio popular que lhe permite liderar o processo de modernização do sistema previdenciário brasileiro. Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que presidiu o Brasil de 2003 a 2011, também o tinha, mas o petista desperdiçou a oportunidade. Que o atual presidente aproveite a sua.