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Indústria 4.0 pauta cursos em três cidades

Pesquisa mostra que só 5,15% das graduações estão fora de Sto.André, S.Bernardo e S.Caetano

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
26/12/2018 | 07:25
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André Henriques/DGABC


Com o avanço da tecnologia, principalmente nas linhas de produção, a indústria 4.0 começa a se aproximar cada vez mais da realidade. Como polo industrial, o Grande ABC está inserido no contexto e precisa de profissionais formados para atuar na área. Porém, mesmo que a região possua quantidade suficiente de cursos superiores que atendam a essas exigências – 97 no total –, eles se concentram em Santo André, São Bernardo e São Caetano, sendo que apenas cinco, ou seja, 5,15% do total, estão em Ribeirão Pires.
Os dados fazem parte de estudo realizado pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano). De acordo com a doutoranda e pesquisadora do observatório Maria do Socorro de Souza, que é responsável pelo levantamento, apesar de os cursos atenderem à realidade do mercado da região, é preocupante que a maioria esteja em três cidades.

“A mão de obra da indústria na região precisa de cursos superiores e técnicos que abordem estes aspectos da tecnologia. Num futuro próximo, vamos começar cada vez mais a falar desta integração de sistemas e as empresas já estão demandando profissionais que entendam deste assunto. Por exemplo, em Mauá nós não temos nenhum curso que aborde este conceito, o que é preocupante para uma cidade que possui quantidade significativa de indústrias”, afirmou.

Além de Mauá, Diadema e Rio Grande da Serra não possuem instituições que mantenham disciplinas com conteúdo referente à indústria 4.0 na grade curricular (veja mais informações na arte acima). Em contrapartida, São Bernardo concentra a maioria dos cursos – são 43 graduações, ou seja, 44,32% do total –, fator que pode ser explicado por conta do número de empresas presentes na cidade, incluindo cinco das seis montadoras da região.

O levantamento teve como base os sete conceitos inseridos na tecnologia. São eles big data analytics (análise de dados em grande quantidade); computação em nuvem; internet das coisas; internet dos serviços; sistema ciber físicos; impressão 3D; e inteligência artificial. A partir daí, a professora realizou pesquisa entre os cursos das instituições presentes no Grande ABC.

“O intuito da pesquisa é alertar para a necessidade de as universidades tratarem o tema, inclusive de forma interdisciplinar. Ou seja, disciplinas que abordam conteúdos operacionais devem ser planejadas em conjunto com disciplinas que abordam os conteúdos relacionados à gestão”, afirmou Maria.

De acordo com a especialista, é fundamental a criação de políticas públicas para tratar do assunto, envolvendo o Estado, os municípios, além de empresas e universidades da região. “É evidente que, apesar de aparentemente possuirmos cursos suficientes, ainda temos uma lacuna. O sinal ainda não está vermelho, mas é essencial que o poder público discuta com as empresas e as universidades sobre a formação destes profissionais. Podem ser levantados quais áreas que possuem as maiores demandas e o que de fato está sendo abordado dentro de cada curso. Precisamos aumentar este diálogo para contribuir em uma melhor formação de profissionais daqui para frente”, disse a professora.

Tecnologia é embrionária no setor automotivo da região

Mesmo com a tecnologia da indústria 4.0 sendo incorporada em plantas da região, a questão ainda é embrionária no setor automotivo. Para especialista, o conceito está em formação no mundo inteiro.

Neste ano, a Scania inaugurou em São Bernardo fábrica para solda a laser de 19 modelos de cabines. A nova planta recebeu investimento de aproximadamente R$ 340 milhões (75 milhões de euros), tem capacidade para produzir até 25 mil cabines por ano e segue as características de automação da indústria 4.0.

Em 2018, a Mercedes-Benz também apresentou a linha de produção 4.0 para caminhões leves e pesados – antes feitos em setores diferentes –, com utilização de dados técnicos armazenados em nuvem e máquinas programadas eletronicamente para identificar o produto a ser montado. O investimento foi R$ 500 mil.

“A indústria 4.0 representa uma automação total de todas partes envolvidas na fabricação, inclusive fornecedores e prestadores de serviço. Em nível Brasil, ainda não temos 100% uma indústria 4.0. Temos plantas robotizadas que representam o caminho natural para se chegar ao que se idealiza na indústria 4.0, mas ainda é um embrião. É claro que essa realidade exige cada vez mais formação de pessoas. Mesmo assim, é importante lembrar que inicialmente o setor está preocupado em retomar sua produção de anos anteriores”, disse o coordenador de MBA em Gestão Estratégica de Empresas da Cadeia Automotiva da FGV, Antonio Jorge Martins.




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