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Terça-Feira, 23 de Abril de 2024

Um quinto dos alunos do Ensino Superior está na EAD

Modalidade teve alta de 17,6% no ano passado, segundo o Censo da Educação Superior; praticidade e preço atraem

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
21/09/2018 | 07:00
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Antonio Cruz/Agência Brasil


 A editora Viviane Kirmeliene, 41 anos, moradora de São Caetano, tinha uma bebê de apenas 2 meses quando voltou a estudar. O curso de licenciatura em Letras era o que precisava para poder dar aula, uma vez que ela já tinha o bacharelado. Estudar a distância foi a melhor opção para continuar amamentando a pequena Bárbara e também estar próxima da outra filha, Catarina, 6.

Viviane integra contingente que, em 2017, chegou a 1,7 milhão de estudantes matriculados em cursos de graduação na modalidade EAD (Ensino a Distância) em todo o País, alta de 17,6% em relação a 2016. Um em cada cinco alunos do Ensino Superior estuda desta forma. Os dados são do Censo da Educação Superior e foram divulgados ontem pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).

Facilidade em conciliar o horário com as necessidades pessoais foi um dos motivos que fizeram a editora escolher este tipo de curso. “Essa facilidade de gerenciamento de tempo foi fundamental. Já havia feito outras formações assim e tenho disciplina para estudar em casa”, relatou.

Como ponto negativo, Viviane citou a falta de interação com outros alunos. “Sinto falta da troca de ideias. É bastante solitário, mas com dedicação o resultado é positivo”, completou. Outro fator que a ajudou na escolha foi o econômico.

Com mensalidades normalmente mais baratas do que os cursos presenciais, a estudante também não gasta com deslocamentos e lanches, por exemplo. “Acaba sendo mais econômico”, frisou. A editora ressaltou, no entanto, que pela falta de interação pessoal, essa pode ser uma opção melhor para quem já está na segunda graduação. “Porque exige mais do aluno e uma experiência presencial também é válida”, finalizou.

O coordenador de Pedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Itálo Curcio, destacou que os cursos EAD surgiram no País sob grande desconfiança, com pouca experiência e série de erros. Ao longo dos anos, foram se modernizando e ganhando espaço, mas ainda hoje sofrem com o grande índice de desistência. “As taxas chegam a 80%. Pode ser por falta de identificação com o curso, imprevistos financeiros, mas, em sua maioria, é por dificuldade de (o estudante) se adaptar ao modelo”, explicou. Segundo o especialista, o aluno brasileiro não é preparado para aulas a distância, que exigem mais autonomia e disciplina.

Curcio citou que investir na Educação básica, em especial no Ensino Médio, tende a melhorar os índices de permanência na EAD. “Com ensino insuficiente, muitos alunos têm dificuldades com as disciplinas e acabam desistindo”, pontuou.

META
No total, o País tem 8,2 milhões de matriculados no Ensino Superior. Desses, 6,5 milhões estão matriculados em cursos presenciais. Ao contrário do que ocorreu nos cursos de EAD, o número de estudantes nos presenciais caiu 0,4% de 2016 para 2017. O resultado é reflexo da redução de programas como ProUni ( Programa Universidade Para Todos) e Fies (Financiamento Estudantil), além da crise financeira.

O resultado deixa o País ainda mais distante de atingir a meta do PNE (Plano Nacional de Educação), que prevê elevar a taxa líquida de matrículas nessa etapa para 33% da população de 18 a 24 anos – em 2015, apenas 18,1% das pessoas nessa faixa etária estavam no Ensino Superior.




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