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MEMÓRIA
São Bernardo não segurou esta indústria
Ademir Médici
19/09/2018 | 07:00
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Automóveis, produtos químicos e alimentícios, componentes elétricos, móveis residenciais e para escritórios, produtos têxteis, material de construção, ladrilhos (adeus, Vidrotil, referência da arquitetura nacional, que fechou sua fábrica da Rua Alferes Bonilha).

São Bernardo produz, ou produziu, de tudo. Duas grandes gravadoras de discos aqui tiveram fábricas e estúdios. Não têm mais. A primeira, a Odeon, que ficava "no fim da vila”, mais ou menos onde está o terminal Ferrazópolis, na Vila Alcântara; e a Copacabana, do bairro Taboão.

Foram-se as fábricas, ficaram as homenagens. Rua Odeon, Rua Eugenia Sá Vitale, Rua Copacabana. Dona Eugênia da família fundadora que trouxe a Copacabana do Taboão diretamente do Rio de Janeiro, e que depois revendeu a unidade ao empresário Adiel Macedo de Carvalho e sócios.

A Odeon teve sua fachada filmada para um documento institucional de 1953. A Copacabana teve sua história documentada pelo Diário em 1988, numa entrevista de fôlego concedida à jornalista Cida Flosi Barbosa pelo diretor-presidente da Copacabana – Som, Indústria e Comércio – Adiel Macedo de Carvalho, que profetizou: a indústria fonográfica terá novos rumos com a popularização do computador.

Cida Barbosa – imagine só! –, a sua reportagem acaba de completar três décadas redondas. E quantas boas informações ela deixou à posteridade que é hoje. Uma entrevista tornada clássica aqui no Diário.

Dois estúdios.

Dezenas de cantores.

Escritório em Nova York.

Mas aí veio o cassete...

(Tópicos da reportagem ‘Venda da Copacabana não desanima Macedo’; da entrevista de Adiel Macedo de Carvalho a Cida Flosi Barbosa, jornalista residente em São Caetano, com fotos do saudoso João Colovatti).

1988

Adiel Macedo anuncia a venda da unidade Copacabana, em São Bernardo. A empresa enfrenta problemas financeiros e de ociosidade. Falta capital de giro, mesmo com um patrimônio imobiliário avaliado em US$ 5 milhões.

O problema é o mesmo de outras gravadoras. Odeon e Warner já fecharam suas fábricas e as unidades da CBC e Continental estão como a Copacabana, ociosas.

O surgimento da fita cassete tirou cerca de 30% do mercado de discos. E o rolo compressor das multinacionais do ramo completa o leque de problemas.

Pior: desaparecem os serviços de prensagem prestados a terceiros.

1962

Olhos voltados ao futuro, Adiel Macedo compra a Gravadora Beverly e grava o que o público gosta. Contra-ataca Roberto Carlos com ‘Os Carbonos’, perfeitos imitadores de qualquer artista.

A Beverly, nos anos imediatamente seguintes, passa a gravar Angelo Massimo, Gilbert, Djalma Pires, Nalva Aguiar, Luiz Fabiano, Paulo Sérgio, Wando, Benito de Paula. A canção Feelings, de Morris Albert, bate recorde de vendas. Moça, de Wando, um estouro.

1973

Adiel Macedo e dois sócios compram a Copacabana dos herdeiros de Emilio Vitale. Ao catálogo da Beverly são juntados nomes como Elizeth Cardoso e Angela Maria. Um cast em condições de competir com as multinacionais do setor.

Sucesso imediato, daí a abertura de um escritório na Rua 28, esquina com a Quinta Avenida, em Nova York, que sobrevive por quatro anos.

1983

A curva descendente, com a abertura de concordada preventiva. Uma série de medidas vai enxugar a Copacabana. O número de funcionários baixa de 1.200 para 400.

1986

A Copacabana sai da concordata.

1987

Um respiro: a gravadora vende quase 6 milhões de discos e fitas. Boa parte da vendagem graças à música sertaneja, com Trio Parada Dura, Chitãozinho e Xororó, João Mineiro e Marciano.

Mas houve um investimento em outras frentes. Duas séries foram marcantes: A Grande Música do Brasil, assinada por Marcus Pereira, e o projeto Bom Tempo, com Paulinho da Viola, Eduardo Gudin e Arrigo Barnabé. Sucesso de crítica, fracasso de vendas. As rádios ignoraram.

1988

Os dois estúdios de gravação, com 24 canais cada, em São Bernardo, mudam para São Paulo. Idem o escritório e a unidade de gravação de cassete, pensados para serem montados num galpão do bairro Butantã, Zona Oeste paulistana.

HÁ 30 ANOS

Adiel Macedo de Carvalho tinha planos. Os discos prensados em São Bernardo seriam produzidos em outras fábricas. Ele posa feliz para os retratos feitos por João Colovatti. Mas previa o advento dos computadores, mesmo sem falar, na entrevista, em CDs, DVDs, pen drives. Só não previa a pirataria do mundo do disco.

Para a história, ficou a entrevista que a Cida realizou. Para São Bernardo, os nomes que as atuais gerações vão pesquisar para saber o que são: Odeon, Copacabana, Eugênia Vitale. Nomes da indústria fonográfica que alcançou o ápice entre as décadas de 1950 e 1980.<EM>

Diário há 30 anos

Domingo, 18 de setembro de 1988 – ano 31, edição 6861

Costumes – Noiva já pode escolher vestido por computador. Reportagem de Francisco Fukushima e Ivanilde Sitta.

Polícia – Presídio para ex-policiais tem até videocassete. E cadeia de Santo André não tem médico. Reportagem: Dagmar Alba.

Cultura & Lazer – Paulo Autran, o construtor de vidas. Reportagem: Regina Belletato Fonseca, com fotos de Fernando Ferreira.

Lourenço Diaféria (crônica) – Corta essa, Guiomar.

Guido Fidelis (crônica) – O programa do candidato a prefeito.

Em 19 de setembro de...

1918 – Realizada a entronização do Sagrado Coração de Jesus na residência do tenente Luiz Lobo Junior, localizada no distrito de Santo André. Presente o vigário da paróquia, padre Luiz Capra. Senhoritas entoaram hino escrito especialmente para a solenidade.

- A guerra. Do noticiário do Estadão: violenta batalha irrompe numa frente britânica de 25 quilômetros.

1973 – A Firestone completa 50 anos de Brasil.

Hoje

- Dia do Ortopedista

Santos do Dia

- Januário (Gennaro). Januário era bispo de Benevento, cidade situada a 70 quilômetros de Nápoles. Martirizado no ano 305. 

- Constancia

- Afonso de Orozco

Municípios Brasileiros

Celebram aniversários neste dia 19 de setembro:

- Em São Paulo, Guararema

- No Pará, Acará.

- Em Alagoas, Cacimbinhas.

- Em Minas Gerais, Conselheiro Lafaiete, Estrela do Sul, Oliveira e Raul Soares.

- No Rio Grande do Sul, Dois Irmãos.

- Em Santa Catarina, Ermo.

- Na Bahia, Euclides da Cunha, Ibipeba e Ribeira do Pombal.

- No Espírito Santo, Guarapari.

- Na Paraíba, Mari.

- No Mato Grosso, Sapezal.

Fonte: IBGE




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