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Liberdade de expressão

Exposição de Lourival Cuquinha, em São Bernardo, faz refletir sobre política brasileira

Daniela Pegoraro/Especial para o Diário
18/09/2018 | 07:47
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Celso Luiz/DGABC


Em ano de eleição, as discussões políticas se acirram, tomando conta das mais diversas áreas – inclusive a artística. A OMA Galeria (Rua Carlos Gomes, 69), em São Bernardo, serve de palco para as expressões do artista plástico pernambucano Lourival Cuquinha, que traz à região a exposição de forte cunho social denominada Dos Meus Comunistas, Cuido Eu (Roberto Marinho), aberta para visitação gratuita até 28 de outubro. “Já faz tempo que acompanho o trabalho do Cuquinha e combinamos de trazer a exposição para a região, que tem grande relevância política no cenário nacional. Aqui as pessoas são naturalmente engajadas, e acho importante trazer essa reflexão por meio da arte”, conta o galerista Thomaz Pacheco.

O título da exposição é também o nome de uma das obras do artista. Quando o AI-5 (Ato Institucional Nº 5) foi instaurado, em dezembro de 1968, os militares bateram à porta da Rede Globo e pediram uma lista dos funcionários que fossem socialistas. Foi quando Roberto Marinho respondeu: ‘Dos meus comunistas, cuido eu’. “É uma situação irônica, porque aqueles que eram dados como comunistas eram as figuras que mais geravam lucro para a emissora. Também era de injustiça, porque trabalhar para a Globo significava não ser perseguido pelo governo, visto que Marinho tinha ainda mais poder que os militares”, explica Cuquinha. Para o artista, a mostra dialoga com o momento político atual, além de mostrar a crítica ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e da prisão de Lula (PT).

A obra principal da exposição é Apólice do Apocalipse, a qual Cuquinha transcreve a carta de Pero Vaz de Caminha sobre papel-moeda e a submete ao processo de grilagem, com 200 grilos vivos fazendo parte da composição. O termo vem da descrição de uma técnica antiga para envelhecer documentos forjados, a fim de conseguir a posse de determinada área de terra. Para o artista, a carta de Pero Vaz seria a primeira prática do tipo no Brasil.

De acordo com Pacheco, quem visitar a mostra encontrará metáforas em todos os detalhes. “Cuquinha tem um trabalho politizado e social muito forte. Antes mesmo de observar as obras, a parede já mostra uma simbologia. O espaço está coberto, pintado de ponta a ponta em um degradê que vai desde o verde-bandeira até o preto petróleo, representando toda essa relação do Brasil com a natureza, economia e capitalismo.”

A exposição está aberta para o público de terça a sexta, das 12h às 19h, e aos sábados, das 10h às 15h. 




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