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Crise na Saúde
CPI acha pomba morta e remédios vencidos no Hospital Nardini

Deputados fazem vistoria surpresa no complexo de Mauá; equipamento estava sem comando

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
10/08/2018 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Integrantes da CPI que investiga irregularidades em contratos das Prefeituras paulistas com OSs (Organizações Sociais) de Saúde encontraram pomba morta e pilha de remédios vencidos em um dos andares do Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini, em Mauá. O flagra foi feito ontem pela manhã, durante vistoria surpresa no hospital. A equipe de reportagem do Diário testemunhou o fato.<EM>

O animal estava jogado próximo a uma janela em uma das salas do quarto andar do equipamento. A área está totalmente isolada há pelo menos três anos por conta da reforma, iniciada em 2015 e que está paralisada. Numa sala ao lado estavam várias caixas de medicamentos vencidos, em meio a equipamentos hospitalares e mobiliários abandonados.

Os deputados Edmir Chedid (DEM) e Carlos Neder (PT), presidente e sub-relator da CPI, respectivamente, chegaram ao hospital às 11h e também encontraram a unidade sem superintendente, já que o então titular do posto, Antônio Carlos Marques, pediu demissão há mais de um mês. O cargo continua vago.

Os parlamentares foram recepcionados pela diretora técnica do hospital Adlin Savino Veduato e, apesar de solicitarem a ida de um representante da FUABC (Fundação do ABC), responsável pela gestão do hospital, a entidade não enviou emissários para conversar com os deputados. Se apresentando como advogado de carreira da FUABC, Sandro Tavares foi até o local “apenas como advogado” e não como “representante legal” da entidade. “Ficamos preocupados com a planta física do hospital, existem áreas que estão deterioradas. A situação gritante do quarto andar, que há anos aguarda uma solução, exige uma providência urgente”, criticou Neder.

Secretário adjunto de Saúde do município, Wladimir Stephani garantiu que a administração retomará as intervenções no local e estimou que a licitação para contratação de nova empresa para tocar a obra seja colocada na rua em 15 dias.

A CPI deu dez dias, a contar de ontem, para que a FUABC e o Paço de Mauá forneçam série de documentos, como contrato em vigência, valor da dívida – a entidade reivindica R$ 123 milhões da Prefeitura por serviços supostamente prestados e não pagos. Os parlamentares também anteciparam que vão investigar as demissões em massa durante a gestão do hoje prefeito afastado Atila Jacomussi (PSB).

CONFUSÃO - A vistoria surpresa também acabou em voz de prisão ao funcionário Jefferson Daniel Domingues Ribeiro, que tentou impedir a entrada dos parlamentares e da imprensa nas dependências do hospital mesmo depois de os deputados se apresentarem na recepção como representantes da comissão. Ele foi liberado posteriormente, mas a Prefeitura de Mauá e a FUABC prometeram investigar a conduta do funcionário.

Também sobrou para o ex-prefeito interino Diniz Lopes (PSB). Os deputados aguardavam a chegada de integrantes da direção do equipamento e da FUABC, quando o socialista apareceu no local se apresentando como representante da prefeita interina Alaíde Damo (MDB). “Ela me ligou e pediu que eu viesse acompanhar a visita”, alegou. Ocorre que o fato de Diniz não ser funcionário oficial da Prefeitura, somado às interrupções do ex-prefeito interino durante as falas dos deputados, irritou os integrantes da CPI, que chegaram a interrogá-lo. “Perdão”, respondeu Diniz.

OUTRO LADO - Por meio de nota, o governo Alaíde se limitou a dizer que está “fazendo uma reestruturação da Saúde no município, de acordo com a realidade financeira da cidade”.

Já a FUABC afirmou que não foi avisada sobre a vistoria, mas que é “totalmente favorável aos trabalhos” da comissão. “A comitiva foi recebida e acompanhada pela diretora técnica da unidade, que é médica e está apta a responder todos os questionamentos sobre o funcionamento do equipamento de saúde que ela dirige.”

Sobre a presença da pomba morta e os medicamentos vencidos, a Fundação alegou que o quarto andar “está totalmente desativado, sem o acesso de pacientes e funcionários” e que o local é “higienizado periodicamente e dedetizado uma vez por mês”. “No caso dos medicamentos, são itens que foram doados ao hospital já perto do prazo de validade e o descarte já está em andamento. No entanto, o descarte está sendo feito de maneira gradual, pois esse processo gera custos para o Hospital Nardini e o momento atual é justamente de contenção de despesas. O armazenamento desses medicamentos vencidos e em fase de descarte é feito no quarto andar, um espaço que está totalmente desativado. Não há nenhuma possibilidade desses produtos serem utilizados na rotina do hospital.” 




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