Como explicar que em um mês repleto de ações voltadas à diminuição de mortes no trânsito houve elevação de vítimas fatais nas ruas do Grande ABC? Fica ainda pior quando se constata que em parte desse período ocorreu a greve dos caminhoneiros, quando, forçosamente, diminuiu-se o número de veículos em circulação por pelo menos dez dias.

Assim foi o Maio Amarelo. Nesta trágica contabilidade ocorreram 21 mortes em 31 dias. Elevação que atinge 61% em relação às 13 ocorridas em abril. Números que fazem (ou deveriam fazer) com que as iniciativas adotadas pelas cidades da região fossem reavaliadas. Pelo resultado, é claro que o que vem sendo feito não está dando certo.

Durante o Maio Amarelo foram distribuídos informativos a motoristas e pedestres com orientações de como proceder no sistema viário. Dentre elas, atenção à sinalização e travessia segura.

Foi pouco. Especialista ouvido pela equipe de reportagem deste Diário destaca que campanha realizada em um curto espaço de tempo não surte efeito. É necessário que haja constância, que dure o ano todo. Além disso, é preciso que as ações sejam mais bem direcionadas, que se utilize a base de dados das administrações municipais para saber quais são os pontos críticos, com maior incidência de ocorrências, e atuar firme nestes pontos específicos para que os danos sejam minimizados.

É vital também a participação ativa das autoridades. Coibindo excessos e tirando das ruas condutores que desrespeitam as leis de tráfego. Se dói no bolso ou gera outros tipos de punições – inclusive privação de liberdade –, certamente eles vão pensar duas vezes antes de desrespeitar as regras.

Mais do que isso, é urgente – além de necessário – educar e conscientizar todos os atores do trânsito: motoristas, pedestres, motociclistas e ciclistas, para que atuem de forma consciente. Que tenham responsabilidade e que se coloquem no lugar do próximo. É difícil, mas pode melhorar.