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Autonomia em risco

Acidente fatal com carro autônomo nos Estados Unidos pode interferir no futuro do veículo sem motorista

Nilton Valentim
do Diário do Grande ABC
23/03/2018 | 07:28
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Os debates sobre o carro autônomo, capaz de percorrer os destinos sem a necessidade de um ser humano no comando, são cada vez mais frequentes e estão na pauta das principais montadoras do planeta. Tanto que no Salão de Genebra, no início do mês, foi um dos temas mais debatidos. A previsão é que em 2025 os veículos totalmente autônomos sejam uma realidade.

Na última segunda-feira, entretanto, um fato mudou o foco da discussão. Ou melhor, jogou luz sobre uma das facetas mais polêmicas deste assunto, que é a segurança, principalmente dos pedestres. Em Tempe, no Arizona (Estados Unidos), uma mulher foi atropelada por um Volvo XC90, do aplicativo Uber, adaptado para operar de forma autônoma, porém, com motorista ao volante preparado para entrar em ação. Elaine Hezberg, 49 anos, atravessou abruptamente a rua de bicicleta e foi atingida violentamente. O caso ganhou proporções mundiais. A Uber informou que o o carro funcionava no modo autônomo. Imagens captadas pelas câmeras (uma externa e outra voltada para o motorista) serão analisadas.

Desde 2016 a Uber realiza testes com carros sem motorista. A empresa foi a primeira no mundo a permitir que pessoas comuns entrassem em veículos autônomos. Entretanto, após o ocorrido, suspendeu temporariamente os testes nos Estados Unidos.

O professor Flavio Tonidandel, coordenador de Ciência da Computação da FEI, analisa o caso e faz algumas considerações sobre o acidente. Ele destaca que, em vídeo que circula pela internet, é possível ver que a vítima atravessa em local escuro e fora da faixa de pedestres. “Isso não elimina um fato muito importante: o radar laser, bem como outros sensores de um carro autônomo, deveriam ter detectado a mulher que estava atravessando a rua, mesmo no escuro. E deveria, dentro de todas as possibilidades, ter parado ou pelo menos tentado parar”, aponta. “Mesmo sabendo que um ser humano dificilmente teria visto a mulher, e muito provavelmente teria ocasionado o mesmo incidente, isso não tira a responsabilidade do carro autônomo que não esboçou reação. E isso, claro, coloca em dúvida a eficácia dos sensores utilizados.”

O pesquisador avalia que certamente o caso poderá atrasar o desenvolvimento do sistema autônomo de condução, mas vê vantagem nisso. “Com certeza este atraso acontecerá indubitavelmente para garantir que este tipo de acidente não mais aconteça. E que equipamentos mais precisos e melhores sejam sempre considerados. Afinal, desejamos que os carros autônomos reduzam o número de acidentes de trânsito, e que não apenas repitam os acidentes que poderiam ser ocasionados pelos seres humanos.”

Em reportagem publicada pela France Presse, a professora de robótica da Universidade de Duke (Estados Unidos), Missy Cummings, pediu a desaceleração dos estudos para introdução de carros autônomos nas ruas, justamente para evitar riscos e estabelecer legislação que contemple tais avanços.

“Ainda estamos aprendendo e descobrindo problemas importantes, temos de nos perguntar por que estamos tentando fazer com que essa tecnologia seja usada em massa. Sou uma grande fã de tecnologia, mas não está testado e é experimental”, afirma.

Ela destaca que as máquinas são melhores para seguir normas, como se fosse um roteiro programado, mas os seres humanos lidam bem melhor com o inesperado.

TESTES
Enquanto a discussão segue, a Ford, que realiza em Miami testes com veículos autônomos na entrega de pizzas e encomendas, dá mais um passo rumo ao futuro. O novo Ford Fusion, que será apresentado ao público no Salão de Nova York entre os dias 30 de março e 8 de abril, será o primeiro modelo da marca a ter em todas as versões o Co-Pilot360, conjunto de tecnologias de assistência ao motorista mais avançado da indústria, que será introduzido em sua linha de carros, picapes e SUVs. Criado para aumentar a confiança e a segurança dos motoristas ao dirigir no trânsito congestionado, a linha 2019 do sedã estará disponível no mercado norte-americano no meio do ano. 




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