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Domingo, 28 de Abril de 2024

Indústria vê cartel no frete marítimo
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
14/11/2006 | 22:26
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O Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) entrou com representação no SDE (Secretaria de Direito Econômico) do Ministério da Justiça, para pedir uma investigação sobre uma suposta formação de cartel por parte de operadoras internacionais de frete marítimo que operam no Brasil.

Desde meados de setembro, o Ciesp tem sido procurado por empresas associadas à entidade com denúncias de que os quatro maiores armadores anunciaram aumentos semelhantes nos custos do frete e em datas coincidentes.

As companhias marítimas Hamburg Süd, Hapag-Lloyd, MSC e CSAV teriam combinado reajustar preços a partir de 1º de outubro. Os embarques de carga de portos brasileiros passaram a custar US$ 200 a mais para contêineres de 20 pés (seis metros) e US$ 400 a mais para os de 40 pés. De acordo com cálculos do Ciesp, o reajuste foi de 18%. Entre junho e julho, o preço do frete já havia sido reajustado em 12%.

A entidade chegou a ser procurada por representantes de uma das gigantes armadoras, a Hamburg Süd, e houve uma reunião em meados de outubro com a presença do presidente da empresa no Brasil, Julian Thomas, e mais de 120 empresários da indústria.

Apesar da iniciativa, não se chegou a um entendimento e o Ciesp resolveu dar prosseguimento à ação. Thomas afirmou que o aumento se deve à elevação de custos da companhia – que subiram 30% em dólar desde 2005. “Há alguns meses, os portos brasileiros têm apresentado sérios problemas operacionais, seja em decorrência de greves, mau tempo ou capacidade limitada”, disse.

Para o diretor do Decex (Departamento de Comércior Exterior), Humberto Barbato, a alegação não se sustenta. “A principal justificativa dos armadores para o aumento nos fretes é a precariedade da infra-estrutura portuária brasileira, mas essa é uma situação antiga. Não é de hoje que os portos estão sucateados”, disse.

O diretor do departamento jurídico do Ciesp, Luís Carlos Galvão, acrescentou que os empresários “vão utilizar todas as armas à disposição” para não pagar os reajustes. “Os preços do frete marítimo precisam permanecer em níveis razoáveis para que possamos manter nossos contratos”, afirmou.

Diversas indústrias da região já sentem impacto das elevações. A Magneti Marelli Cofap, por exemplo, que tem fábrica em Mauá, exporta 45% de sua produção (grande parte vai para os Estados Unidos).

“Com o frete mais caro e a variação cambial, a vantagem competitiva que tínhamos no Brasil fica comprometida”, disse o gerente de exportação, Fernandes Rampazo. Ele estima que a empresa terá um gasto entre US$ 150 mil e US$ 200 mil a mais, e que podem ser avaliadas outras localidades para a fabricação dos itens (amortecedores) – por exemplo, na Polônia.

O efeito negativo não é apenas nas exportações. O empresário Shotoku Yamamoto, que é representante da empresa Sky Corte Laser, de Ribeirão Pires, observa que é bem mais em conta contratar no exterior operadoras multinacionais para trazer carga importada, do que fazer a contratação daqui do Brasil (as grandes companhias marítimas têm filiais em diversas partes do mundo).




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