Início
Clube
Banca
Colunista
Redes Sociais
DGABC

Domingo, 28 de Abril de 2024

Cultura & Lazer
>
Entrevista
No macio azul do mar

Roberto Menescal completa 80 anos e comemora unindo bossa nova e canções dos Beatles

Marcela Munhoz
29/10/2017 | 07:00
Compartilhar notícia
Marcos Hermes / Divulgação


 Havia um tempo em que se quisesse encontrar com Roberto Menescal, bastava ir a um endereço certo: o apartamento da cantora Nara Leão, em Copacabana. Era lá que ele, junto a outros expoentes da música brasileira – leia-se Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Ronaldo Bôscoli e Carlos Lyra – deram início a um gênero tipicamente brasileiro, a bossa nova.

“Nós éramos uma turma que pulou fora do que vinha sendo o Rio e a música brasileira da época. As letras eram pesadas, uma tristeza. Mudamos o enfoque e trouxemos muita esperança para música, falando de natureza, do mar, de coisas bonitas. O nosso lema era o amor, o sorriso e a flor”, lembra Menescal, que acaba de completar oito décadas de vida e de lançar o álbum Bossa Nova Meets The Beatles – disponível também nas plataformas digitais –, com clássicos da mais influente banda do mundo regravados em versões cheias de bossa.

A ideia, segundo ele, foi de Carlos Coelho, guitarrista do grupo Biquini Cavadão. “Um dia nos encontramos e ele me disse: ‘Tenho visto você fazer série de discos de música estrangeira, por que não fazemos um dos Beatles?’. Não sou um conhecedor profundo da banda, mas topei e ele me passou umas 40 músicas. Fomos fazendo duas por vez, quando vi estava pronto.” Ao fim, foram selecionadas 14, mas apenas 11 foram autorizadas para gravação do álbum. “Não vou valorizar muito não, não foi difícil. Bossa nova é só uma maneira de tocar.”

Entre as faixas do álbum, que ganharam a voz de Claudio Duarte, estão Yesterday (com solo de Andy Summers, do The Police), Love Me Do, While My Guitar Gently Weeps, A Day In The Life, Michelle, Something, entre outros sucessos. A mistura do gênero brasileiro com as canções do Fab Four rendeu resultado feliz.

Menescal, que diz que nem sentiu o tempo passar – ‘quando vi, já tinha 80’ –, ressalta a importância de manter o ritmo, do qual foi um dos precursores. “A bossa nova vai fazer 60 anos em 2018. Temos feito festivais pelo País e estão sempre cheios. Aqui no Brasil, 70% do público é ‘coroa’, mas lá fora 80% é de jovens. Não sei explicar a razão.” Em shows na Austrália, Cingapura e em outros países, as casas também estão sempre lotadas. “Como essa música chegou lá? Não sei, mas está bom demais”, comemora.

Além do álbum recém-lançado, Menescal – que compôs mais de 400 músicas, tem 30 LPs e CDs gravados e dez DVDs – tem biografia sendo preparada por uma prima e um DVD prestes a chegar nas lojas chamado Menescal 80, gravado pelo Canal Brasil, que tem 17 artistas cantando suas músicas, algumas em parceria com ele. No seu mar, pelo visto, o remanso não tem vez.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.