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Terça-Feira, 30 de Abril de 2024

Mostra apresenta mais um filme de José Mojica
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
10/11/2004 | 10:32
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Finis Hominis (1971) é um esforço de contradição de José Mojica Marins, o contra-argumento desse cineasta famoso pelo personagem Zé do Caixão, em filmes como À Meia-noite Levarei Sua Alma (1963) e Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967). Nesta obra, que encerra às 20h desta quarta, no Teatro Cacilda Becker, a Mostra Zé do Caixão - evento paralelo à Mostra de Cinema Brasileiro de São Bernardo -, a figura tétrica de cartola, barba e capa negras dá lugar a um protótipo de messias da nova era.

O personagem central de Finis Hominis emerge das águas e inicia uma série de ações que reverberam como milagres. Dois desses atos chamam a atenção: ele salva do linchamento uma prostituta e, do enterro, um sujeito acometido por catalepsia. Mojica confecciona o bem absoluto, independente das facções religiosas que o pregam. Ao nascer como Vênus e repetir feitos outrora atribuídos a Cristo, o personagem traz em si a síntese de que o bem pode (mas não deve) ser autenticado por oráculos e concílios; que a fé forma-se e reforma-se, e o ser persiste.

Finis Hominis ganhou depois uma seqüência, Quando os Deuses Adormecem (1972), que revela ser o novo messias uma espécie de xerife dos deuses que vigia os terrestres. Com ou sem continuação, o filme acabou por se configurar em contra-argumento ético de Mojica para Zé do Caixão, representante do mal absoluto, ao mesmo tempo fonte e canal de suas maldades, sem vínculo com demônio algum. A grande obra de Mojica é também isso: uma concepção completa e emancipada das instituições do bem e do mal.

Mostra Zé do Caixão - Exibição de filmes do cineasta José Mojica Marins: Finis Hominis (1971), nesta quarta, às 20h. No Teatro Cacilda Becker - praça Samuel Sabatini, 50 (Paço Municipal), São Bernardo. Tel.: 4330-3444. Entrada franca.




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