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Alô, Teresinha
'Velho Guerreiro' vai ter
história contada em filme

Chacrinha, que faria 100 anos hoje e tem sósia em São Caetano, será interpretado por Stepan Nercessian

Miriam Gimenes
30/09/2017 | 07:22
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Nario Barbosa/DGABC


Ele não veio para explicar, veio para confundir. Abelardo Barbosa, o Chacrinha (1917-1988), nascia há 100 anos com uma missão: revolucionar e marcar a história da televisão brasileira. Em pouco mais de três décadas ‘de mãos dadas com o público’ – sim, porque ninguém foi mais próximo do povo do que ele –, o pernambucano, que cursou Medicina, mas sonhava em ser radialista, criou não apenas bordões como o que dá início a esta reportagem, como também um formato que ecoa ainda nos programas atuais.

Chacrinha deu o ar de seu talento em 1956, na TV Tupi. Foi lá que estreou a sua famosa Discoteca. Depois passou pela TV Paulista, TV Rio, Excelsior, Globo, Bandeirantes e Record. Voltou para a Vênus Platinada em 1982, onde ficou até 1988, ano em que partiu em decorrência de um infarto e insuficiência respiratória. Nos 32 anos de uma diferenciada – e excêntrica – carreira, ousou, lançou artistas, contrariou as expectativas e se consagrou. “Só tem dois animadores (de auditório) que jamais serão esquecidos: um chama-se Abelardo Barbosa e o outro, Silvio Santos”, diz o aposentado Hélio Vernier, 82 anos, de São Caetano.

Assim como o Velho Guerreiro, ele tem o poder de confundir, mas por conta de sua aparência, idêntica à do apresentador pernambucano. Não à toa, há duas décadas trabalha como seu sósia. “Desde que eu era motorista de ambulância, sempre fui chamado de Chacrinha. E tinha um produtor do SBT que era meu vizinho e insistia para eu participar de concursos. Sempre recusava. Até que um dia ele me levou ‘à força’ e passei a ganhar todos os concursos”, lembra.

Depois que se aposentou de seu ofício, pôde se dedicar totalmente à interpretação e, vestido de Chacrinha, já viajou o País, participou de inúmeros programas de televisão, desfilou em escolas de samba que homenagearam o apresentador e o fez no programa Por Toda Minha Vida, televisionado em 2008 na Rede Globo. “Hoje faço muito mais trabalho beneficente, porque o que tinha de ganhar como Chacrinha já ganhei. Terça-feira, por exemplo, estarei em um asilo na Alameda São Caetano, onde todo ano fazem festa para os idosos. Enquanto Deus me der forças vou animá-los.”

Pai de quatro filhos, avô de oito e bisavô de quatro crianças, ele diz que interpretar o Velho Guerreiro é um orgulho. Chegou inclusive a ir fantasiado assistir aos jogos de um de seus times de coração, o São Caetano. Ele só teve problema em certa ocasião: quando foi convidado para estampar uma revista ao lado de Rita Cadillac. Sua mulher, dona Odila, ficou brava. “Ela não entendeu que revista é papel. A Rita estava pelada, eu não. Desde aquele tempo ela não é a mesma”, conta. Mas acrescenta que sua mulher foi primordial em toda sua carreira artística, inclusive nos últimos meses, quando passou por duas pneumonias seguidas. “Ela é muito cuidadosa. Tem um coração muito bom, graças a Deus.” E lá se vão 58 anos juntos.

O FILME

O ator Stepan Nercessian, protagonista do musical que conta a vida de Chacrinha – cuja turnê passará por Campinas, Ribeirão Preto, Belo Horizonte e Recife –, se prepara para interpretá-lo em filme. “A diferença é que no musical contamos desde a infância e, no longa, será ele chegando no Rio de Janeiro, a trajetória profissional.” As filmagens, que serão dirigidas por Andrucha Waddington, começam no próximo mês e a previsão de estreia é 2018.

Nercessian diz que Chacrinha marcou porque era um visionário e que tiraria de letra a vigília existente sobre os artistas hoje. “Ele antecipou até isso. Sofreu mais perseguição que a internet é capaz de fazer. A censura não gostava dele, a igreja, os psiquiatras, a direção, todos eram contra ele. Quiseram parar o Chacrinha e ele foi em frente. Hoje tiraria de letra a maledicência.” E, se tivesse a oportunidade de encontrá-lo novamente, não teria dúvidas em dizer: “Continue balançando a pança e comandando a massa”. Aquele abraço. 



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