Artigo

Imagine carro autônomo, sem ocupante, com falha repentina nos freios, que não conseguirá parar antes da faixa de pedestres. Ele pode escolher um dos cenários possíveis: seguir em frente e matar dois homens, uma mulher, um criminoso e uma pessoa desabrigada ou desviar e assassinar um médico, uma mulher grávida e um executivo. Qual seria a decisão correta diante deste cenário? Um médico vale mais que um desabrigado? O carro deveria desviar para matar as pessoas que são ‘menos importantes’? Trata-se, é claro, de hipótese capaz de gerar inúmeras discussões éticas, mas uso este exemplo para demonstrar como as decisões baseadas em análises de contextos, tomadas automaticamente, encontram em seu caminho desafios que vão muito além da tecnologia pura e simples.

No mundo dos negócios digitais, o uso da inteligência artificial para analisar contextos tem crescido como forma de avaliar os cenários possíveis com base nas informações disponíveis e recomendar ação. No fim, a decisão ainda está na mão do ser humano. No futuro próximo, porém, ela será tomada pelas máquinas. Obviamente, o exemplo do carro desgovernado é condição extrema em que não existiria ação certa ou errada. No dia a dia, porém, outras situações mais palpáveis já contam com a participação ativa da tecnologia para tomadas de decisão baseadas em análises de contexto.

Teve destaque no último BPMNext – famoso evento realizado anualmente nos Estados Unidos – o caso de drone que faz o monitoramento de tubulações de empresa de distribuição de combustíveis e toma decisões complexas em situações distintas. Turbinado com recursos de navegação automática, inteligência artificial, processamento de vídeos e imagens, ele segue sozinho o caminho da tubulação em campo aberto, identifica potenciais problemas (como rachaduras e vazamentos), analisa as imagens e, dependendo do que ‘vê’, entende se é necessário o deslocamento de equipe de manutenção. Ainda faz o acionamento dessa equipe, passa a localização e o tipo de reparo necessário, bem como o nível de gravidade, e sugere os tipos de ferramentas e profissionais que devem atuar nessa intercorrência.

Trazendo para o dia a dia das empresas, soluções de BPM (Business Process Management, ou gerenciamento de processos de negócio) já fazem uso de análises preditivas para, por exemplo, sugerir ao usuário o caminho para determinada atividade. Cresce, assim, o papel das empresas responsáveis por alimentar essa inteligência artificial. A verdade é que o poder de decisão estará a cada dia mais nas mãos das máquinas. E, paradoxalmente, a responsabilidade humana diante disso – sobretudo da inteligência que guiará essas máquinas – nunca foi tão grande.

David F. Neto é sócio e CIO da empresa SML Brasil.

Palavra do leitor

Resposta

O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) esclarece que não ocorreu repasse de serviços realizados pela autarquia para a Sabesp, como questiona carta publicada nesta coluna (Quem manda?, dia 20). A companhia estadual trabalha atualmente no Córrego Guarará na manutenção de um de seus coletores tronco que cruzam Santo André. O esgoto gerado pela população de Santo André é lançado em redes coletoras do Semasa, que se ligam aos coletores tronco da Sabesp, responsáveis pelo transporte do mesmo até a estação de tratamento de esgoto. Rotineiramente, a Sabesp, portanto, realiza na cidade a manutenção de alguns desses coletores. Em relação à dívida, continua em negociação.
Semasa

Justiça?

O adiamento da decisão sobre a prisão de Aécio e a soltura de seus cúmplices só amplifica nosso sentimento de que nossa pseudo-democracia vive enorme e imundo golpe branco (Política, ontem). Prezados ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), quem se utiliza de brechas, filigranas ou da fragilidade do Judiciário para minimizar crimes não pratica justiça, ao contrario, penaliza a vítima.
Vanderlei A. Retondo
Santo André

Uma questão de fé

De longe a televisão e o rádio ainda são os meios de comunicação mais populares que existem, e não é por acaso que estão coalhados de igrejas evangélicas em suas grades 24 horas por dia. É estranho que a Rádio Globo tenha tirado da nova programação dois gigantes de audiência, o comunicador Antonio Carlos e o padre Marcelo Rossi. O primeiro foi demitido, e padre Marcelo foi para o ingrato horário da meia-noite, hora de lobisomem, como se diz. Assim fica difícil. Parece que a Igreja Católica Brasileira está cada vez mais distante dos fiéis e nem um pouco preocupada com o avanço dos evangélicos. Curioso!
Maria Elisa Amaral
Capital

Reforma trabalhista

Nem dura nem tampouco inesperada a derrota com as reformas trabalhistas em comissão do Senado (Economia, ontem), haja vista que o principal responsável por este desfecho, Renan Calheiros, se colocou como oposição às reformas e inexplicavelmente ainda está solto, não obstante a coleção de processos que correm contra si. Decerto porque presta esse tipo de desserviço contra o atual governo e isso agrada àqueles que querem o ‘Fora Temer’ realizado. Além dos congressistas, somem-se aí alguns juristas que julgam mais pela ideologia partidária do que pela Lei Maior do País. Sabe-se que neste momento as reformas são primordiais à manutenção da economia, e isso não é do interesse daqueles que lutam mais para reassumir o poder perdido do que pelo bem do povo e do Brasil. Tanto não é do interesse, que já estão combinando uma greve geral para o dia 30 de junho, para pressionar os votos dos congressistas. A última coisa que desejam ver é a recuperação econômica ser conseguida pelo adversário. Que amor desmedido pelo Brasil!
Mara Montezuma Assaf
Capital

Pergunta ao STF

Afinal de contas, os ministros que ocupam as vagas existentes no STF (Supremo Tribunal Federal) estão lá para desempenhar as funções da Justiça em última instância ou para defender os interesses dos governantes que lhes indicaram para o cargo, agindo como advogados de sua defesa? O comportamento dessa Corte lhe denuncia claramente, tendo em vista que, há mais de dez anos processados e com uma capivara enorme, Renan Calheiros e Romero Jucá, sob os aplausos de Lula e PT, sobrevoam alegremente de asa delta sobre Brasília, sorrindo dos brasileiros!
Benone Augusto de Paiva
Capital