Enquanto as relaçoes com os países produtores de petróleo do Golfo, ricos e poderosos no plano estratégico, parecem avançar, os erros herdados do governo do presidente Jimmy Carter ainda se fazem sentir entre Washington e Teera.
Para muitos especialistas, a tenacidade cega com que o presidente Carter apoiou até o final o impopular e repressivo regime do Xá do Ira, continua sendo o eixo do problema.
``No final de contas, Carter deve ser considerado responsável pela política desordenada e confusa que contribuiu para a perda desastrosa da política norte-americana no Ira', disse James Bill, especialista em questoes do Ira da Universidade William and Mary (Virginia).
Segundo ele, ``anos de arrogância e influência cultural' por parte dos Estados Unidos formaram a base dos problemas que viriam, mas Jimmy Carter agravou a situaçao cometendo um erro depois do outro.
Para Anthony Cordesman, do Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos (CSIS) de Washington, os Estados Unidos cometeram um duplo erro: nao reconhecer a realidade do regime iraniano e reagir tardiamente à deterioraçao da situaçao.
Entre os erros de julgamento cometidos pelo governo norte-americano na época estao os cumprimentos de Ano Novo de Jimmy Carter a Teera em 1978 - num momento em que a oposiçao ao regime autocrático do Xá se fazia sentir na sociedade iraniana. Carter qualificou o Ira de ``uma ilha de estabilidade numa das regioes mais perturbadas do mundo'.
Nove meses mais tarde, o Xá declarava a lei marcial e três meses depois deixava precipitadamente o país, num momento em que a oposiçao se reunia em torno do aiatolá Khomeini, um líder religioso praticamente desconhecido por Washington e com quem o governo norte-americano evitou a entrar em contato.
O novo regime iraniano também cometeu erros, recordou o ex-secretário de Estado adjunto para Assuntos do Oriente Médio, Richard Murphy, ao mencionar a invasao da embaixada norte-americana em Teera em novembro de 1979 e a tomada de 52 diplomatas norte-americanos como reféns, que desencadeou dia 7 de abril de 1980, a ruptura das relaçoes diplomáticas entre os dois países.
Washington decretou em 1995 o embargo econômico total contra o Ira, reforçado no ano seguinte com a chamada lei d'Amato, que pune as empresas estrangeiras que investirem nos setores de petróleo e gás do país.
Depois da eleiçao em 1997 de um presidente religioso moderado no Ira, Mohammad Khatami, muitos nos Estados Unidos pedem uma aproximaçao com Teera, entre eles o ex-secretário de Estado durante o governo Carter, Cyrus Vance.
Segundo Vance, restabelecer os vínculos com Teera permitiria cicatrizar feridas, mas admite que isto exigirá ``vontade política combinada com uma dose de fé'.
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