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Sábado, 27 de Abril de 2024

Presidente da Boeing se isola para esquecer concorrência
Do Diário do Grande ABC
06/06/2000 | 14:42
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Ao contrário de todos os outros dirigentes das companhias aéreas mundiais, o presidente executivo da Boeing, Phil Condit, está em Paris. Enquanto os olhos estao voltados para Berlim, onde está sendo inaugurado o "Salao Aeronáutico", Condit preferiu fechar fingir que a concorrência nao existe e se isolar. Isto porque a Airbus irá anunciar o lançamento de um enorme e futurista aviao, o A3XX, a maior aeronave da história, capaz de transportar entre 600 e 800 passageiros.

E é este provável anúncio que explica porque o presidente da Boeing está desprezando Berlim e preferindo Paris. Na realidade, ele só pensa em Berlim porque o lançamento do A3XX anunciará dois acontecimentos.

Por uma parte, a entrada da aviaçao comercial numa era nova, que acrescentará aos seus modelos clássicos os maiores aerotransportadores. Por outro lado, o desencadeamento de uma guerra feroz entre a Boeing e a Airbus.

Phil Condit está portanto em Paris para lançar uma contra-ofensiva.

E, antes de descrever esta contra-ofensiva, é preciso lembrar o projeto Airbus. Este A3XX que os quatro parceiros da Airbus (França, Alemanha, Espanha e Inglaterra) decidiram lançar, conta com um argumento enorme do tráfego, portanto, com a necessidade de passar para avioes de maior envergadura.

Esse tipo de aparelho exige investimentos gigantescos: US$ 10,6 bilhoes em pesquisa e desenvolvimento, antes do lançamento do primeiro aparelho, no final de 2005. Conclusao: este aviao só poderá ser lançado se o mercado for vasto. Ora, para o Airbus, trata-se de uma coisa certa: o mercado deveria absorver facilmente 800 desses imensos meios de transporte.

A fase de arranque ou de partida é positiva: seis companhias já se apresentaram para a compra de vários A3XX: empresas aéreas dos Emirados Arabes, de Cingapura, a Virgin, a Atlantic, a Cathay Pacific Airlines e a Air France.

A opiniao da Boeing é oposta: está prevendo, em vez disso, a "fragmentaçao do mercado" - ou seja, vôos a média distância, a uma cadência muito rápida (o contrário portanto da necessidade suposta pelo A3xx).

Durante muito tempo, a Boeing se desinteressou das gesticulaçoes da Airbus, mas, como todas as companhias demonstraram seu interesse, a Boeing se apressa agora em defender-se. A Boeing anunciou que também vai produzir um grande aviao, nao do tamanho do modelo da Airbus, mas igualmente imponente: o 747-X, que terá 500 assentos. A vantagem do 747-X será a seguinte: será o atual 747 mas alongado, de sorte que nao exigirá investimentos muito pesados: o programa deveria limitar-se a 4 bilhoes de dólares, ou seja, três vezes menos que para o A3XX. É claro que esta diferença repercutirá no preço de um e outro aparelho.

Esta é a mensagem do presidente da Boeing. Mas nao é uma mensagem nova. Em maio, a Boeing já reuniu os presidentes de umas vinte companhias que possuem aparelhos Boeing para explicar-lhes as desvantagens do A3XX, destacando de passagem que o mundo nao poderia jamais absorver mais de 400 "superjumbos", contradizendo assim o que afirma a Airbus.

A Boeing testou ainda outro argumento contra a Airbus: para que o A3XX da Airbus possa aterrissar em condiçoes de segurança absoluta, será necessário reformar as pistas dos grandes aeroportos internacionais.

Contudo, em Paris, o presidente da Boeing mostrou-se menos áspero do que há algumas semanas nos Estados Unidos. Indagado, por exemplo, se irá lançar uma guerra contra a ajuda que os Estados europeus estao dispostos a dar ao A3XX, Phil respondeu: "Desde que se trata de empréstimos, e nao de subvençoes, aprovados e com juros, e desde que sejam verdadeiramente reembolsados, é como se fosse um banco ou um Estado que emprestasse o dinheiro".

Portanto, há uma guerra entre os dois maiores produtores de avioes do mundo, a Europa e os Estados Unidos. No momento, uma guerra muito elevada, cortês. Mas o choque entre dois gigantes desta envergadura corre sempre o risco de se agravar.




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