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Domingo, 28 de Abril de 2024

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Natação e remo
Unidos pelo sangue, unidos pelo amor
Thiago Silva
Do Diário do Grande ABC
06/11/2011 | 07:30
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André Henrique/DGABC


Quem conversa com os irmãos nadadores Regiane Nunes Silva, 26, e Renato Nunes Silva, 23, de São Bernardo, logo repara que ambos têm problema na vista esquerda, o que se torna mero detalhe em meio à alegria dos dois. Eles nunca se abateram com o glaucoma congênito - doença degenerativa que, aos poucos, ocasiona a perda de visão - e viajam amanhã a Guadalajara, no México, onde disputam, a partir de sábado, o segundo Parapan-Americano.

Há quatro anos, no Rio, Regiane faturou as medalhas de prata (400 m livre) e de bronze (100 m costas). Renato ganhou ouro (100 m peito) e prata (400 m livre), na categoria S12 - que mede a deficiência dos atletas.

Neste ano, porém, ela vai disputar os 50 m e os 100 m livre e os 100 m peito, enquanto o irmão vai competir também nos 50 m e 100 m livres, além do 200 m medley.

As medalhas são o resultado da união de dois irmãos que enfrentam todas as dificuldades da doença juntos.

"A gente se espelha um no outro. Nossa afinidade é tão grande que parece que reconhecemos o que o outro sente, mesmo não estando perto. Outro ponto positivo é que um não deixa o outro desanimar", destacou Regiane.

Segundo Renato, a irmã é a principal incentivadora. "Se não fosse por ela, eu nunca faria natação. Foi por influência dela que estou aqui hoje. Acho que qualquer atleta precisaria ter parceira como essa", emendou Renato.

O atleta revelou que a doença nunca foi motivo de vergonha e muito menos para depressão. "Sempre nos aceitamos muito bem e nunca tivemos problemas com a doença. Hoje, nós namoramos e temos uma vida bem legal", revelou. "O mais importante para o nosso crescimento é que nossos pais nunca nos esconderam. Pelo contrário. Sempre tiveram orgulho da gente", emendou a irmã.

Eles têm apenas um pedido para os próximos anos. "Muitos não acreditam que até hoje nós ainda enxergamos. Pessoas com o mesmo problema e a mesma idade que eu, por exemplo, perderam completamente a visão. Temos muita fé em Deus para preservar do jeito que está, não queremos mais nada porque somos muito felizes do jeito que somos", garantiu Regiane.

 

Regiane também é praticante do remo

A vida dos irmãos, que hoje moram em Ribeirão Pires, não se resume apenas à natação. Ambos acordam às 4h50 e viajam para São Bernardo, onde treinam a partir das 6h na academia Top Spin, que fornece toda a estrutura - eles, no entanto, competem pelo Mesc.

Ficam até as 8h e depois se despedem. Regiane continua na academia para melhorar a parte física, enquanto Renato vai para o trabalho, onde atua na área de logística. Ele ainda estuda Ciência da Computação à noite.

Já Regiane, formada em Educação Física, fica até meio-dia na academia e depois vai para a USP praticar remo, modalidade que aderiu em 2007 e representou o Brasil nos Jogos Paraolímpicos de Pequim, em 2008.

"Eu fui convidada para treinar remo porque estavam sem atletas nessa modalidade. Fiz um teste e aprovaram. No início eu não gostei até pelo fato de sentir a falta do meu irmão, mas depois fui me acostumando", recordou Regiane.

Ela representará o Brasil no Remo na Paraolimpíada de Londres. "Os índices da natação são mais complicados de alcançar", explicou.

Quase que a viagem ao México foi cancelada. A Prefeitura, que auxilia Regiane com bolsa de estudos e Renato financeiramente, fez acordo com o comitê brasileiro paraolímpico para que os dois ficassem no Brasil para disputar os Jogos Abertos.

Porém, esse não era o desejo deles, que conseguiram a liberação apenas na sexta-feira. O secretário de Esporte, José Luiz Ferrarezi, não foi localizado para comentar o caso.




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