"Nao sabemos ainda quantas pessoas exatamente morreram ou quem sao estas pessoas, já que os inúmeros corpos carbonizados dentro da igreja formam uma massa compacta", explicou neste sábado o chefe dos inspetores, John Kisembo, em Rukingiri, principal cidade da regiao onde transcorreu o drama, 320 km a oeste de Kampala, zona próxima à fronteira com a República Democrática do Congo e do Parque Nacional de Bwindi.
Também se ignorava, segundo Kisembo, se o chefe da seita, Joseph Kibwetere, está entre as vítimas ou se escapou antes que seus adeptos ateassem fogo no pequeno templo de seu culto.
Em Uganda, Quênia, Tanzânia, Ruanda e Burundi, uma parte do cristianismo indígena, com grande predominância nas zonas rurais, transformou-se em movimento milenarista às vésperas do ano 2000.
No transcurso dos últimos meses, a polícia ugandense desmantelou duas seitas, acusando-as de serem uma ameaça para si mesmas e para a comunidade.
A proliferaçao de seitas, segundo o governo, faz pairar uma ameaça sobre a coletividade. O movimento de rebeliao mais ativo em Uganda, a "Resistência Armada do Senhor", também surgiu de uma seita nascida no norte do país.
Em Uganda, o fenômeno converteu-se numa espécie de "messianismo armado" com a cruzada lançada pela líder Alice Lakwena, conhecida como "a mensageira". Seu "Movimento do Espírito Santo" misturava cristandade e crenças tradicionais e já ameaçara militarmente, em 1986, o poder do presidente Museveni, mas seus homens acabaram dominados pelo exército um ano depois.
O movimento, no entanto, encontrou um herdeiro, Jospeh Kony, parente de Alice Lakwena, que dirige desde 1989 a temida "Resistência Armada do Senhor".
Em setembro passado, a polícia atacou um acampamento da "Igreja da Ultima Mensagem de Advertência Mundial", que albergava uma seita cujos membros eram acusados de seqüestrar crianças e praticar abusos sexuais em menores.
Esta seita, instalada em uma granja no centro do país, praticava o culto do Julgamento Final, dirigido a um suposto "profeta", Wilson Bushara, em Bukoto, condado de Nakaseke.
Segundo Eric Naigambi, os membros da seita eram exclusivamente tutsis e bahimas do Sul de Uganda, Burundi, norte da Tanzânia e leste da RDC.
No início do ano passado, Bushara anuncira publicamente que o fim do mundo seria no dia 30 de junho de 1999.
Em novembro passado, a polícia dispersou uma reuniao ilegal de uma seita adepta à jovem profetisa Nabassa Gwajwa, no oeste de Uganda. Gwajwa, 19 anos, afirmava ter morrido em 1996 e ter sido enviada por Deus de novo à Terra para exortar o povo a se arrepender de seus pecados ante a chegada do novo milênio.
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