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Sábado, 27 de Abril de 2024

Triplica número de adultos em supletivo estadual
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
01/08/2005 | 08:18
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A região quase triplicou o número de jovens e adultos matriculados em supletivos do governo do Estado de 1997 a 2004. De 20.290 alunos, o Estado passou a ter 60.226 estudantes no ano passado. Os dados são da Secretaria da Educação, que entende que a migração de estudantes para as salas de aula - tanto do ensino fundamental como médio - seja resultado direto da exigência do mercado de trabalho e da criação de cursos aos sábados que facilitaram o acesso dos alunos. Das sete cidades, Diadema foi a que apresentou alta mais expressiva neste período, seguida de São Bernardo e Ribeirão Pires. Santo André teve o menor crescimento. No entanto, é a cidade que mais têm alunos nos supletivos estaduais desde a década de 1990.

O apogeu do supletivo não é fato isolado na região. Em todo o Estado, o crescimento é grande. Segundo a Secretaria da Educação, na última década o aumento de estudantes no ensino médio foi de 1.490% em todo o Estado. Em 1995, 29.944 alunos estavam matriculados em supletivos da rede estadual. No ano passado, o volume saltou para 466 mil estudantes, dos quais 127 mil têm mais de 30 anos e 41 mil já passaram dos 40.

"Passamos a oferecer opções mais flexíveis. Em alguns colégios que estão dentro do programa Escola da Família e têm computadores conectados à internet em banda larga, oferecemos cursos do EJA (Educação de Jovens e Adultos) aos sábados. Todo conteúdo do programa é disponibilizado online, na tela do computador", explica Hugette Theodoro da Silva, responsável pelo programa de educação de adultos do Estado.

Outra alternativa criada para combater a falta de tempo dos alunos foram os Centros de Educação Supletiva. São 20 espaços espalhados pelo Estado que oferecem cursos do EJA não-presenciais. O aluno estuda em casa e quando encontra dúvidas em alguma disciplina vai até a escola e agenda uma aula com o professor. Ao fim do curso, o aluno faz uma prova. Se passar, recebe o diploma.

Se quiser, o estudante pode dar seqüência aos estudos e ingressar em uma universidade. "O perigo desse tipo de metodologia é o aluno perder o interesse ao longo do curso e não se formar", considera Vera Masagão Ribeiro, coordenadora da ONG Ação Educativa.

Há dez anos a organização não-governamental da capital desenvolve trabalhos de pesquisa na área de educação e na formação de professores. "O problema é que a educação de adultos é uma demanda que ficou contida por muito tempo na rede estadual, que deixou esse tipo de ensino restrito aos municípios", diz Vera. A educadora enxerga a abertura de novas classes do Estado como justificativa da alta nas matrículas apresentadas pelo governo hoje.

O fato é que alguns municípios até bem pouco tempo não tinham cursos supletivos do governo do Estado. Até 1999, São Caetano não tinha supletivo de ensino fundamental estadual, muito menos de ensino médio. O governo do Estado só abriu as primeiras classes de ensino médio para adultos em Rio Grande da Serra e Mauá em 1998.

O EJA ainda concentra grande evasão escolar, o maior da rede. Apesar de não revelar números, o Estado admite o problema. "O perfil do aluno do EJA é diferenciado. Ele já entrou em uma idade adulta e passou a sentir as responsabilidades da vida diária, como o emprego, e passa a não dispor mais de tanto tempo livre", justifica Hegete, da Educação.

Satisfação - Para muitos alunos, já aposentados, a volta aos livros não se dá por obrigação, mas por satisfação. Foi assim com a dona-de-casa Luiza Severino Zeber, moradora de Santo André, que aos 80 anos decidiu a estudar a cartilha.

Nascida em Jaú, no interior de São Paulo, dona Luiza - assim como seus 12 irmãos - nunca havia ido à escola. "Aprendi a ler e escrever de curiosa. Com dinheiro, ninguém me passa a perna. Sei fazer conta direitinho." Luiza freqüenta as aulas do EJA há um ano. "Isso aqui é muito bom", diz.

Mesma opinião é dividida por outra veterana da classe de dona Luiza, a também dona-de-casa Jovita Finardelli, 71 anos. "Às vezes a gente fica em casa sem ter o que fazer. É horrível. Aqui, não. A gente abre a cabeça, começa a pensar em coisas novas."




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