A tragédia se repetindo. Essa foi a sensação que os moradores do Jardim Ruyce, em Diadema, sentiram ao assistirem na quinta-feira as imagens da explosão da loja de fogos de artifício na Vila Pires, em Santo André. O rastro de destruição provocado pelo acidente foi semelhante ao que eles viveram há exatos seis meses, quando o depósito de produtos da Di-All Química explodiu.
Para os que viram suas casas atingidas pelas chamas que se espalharam da empresa - atingindo e destruindo parcialmente três galpões e 18 residências, deixando famílias desabrigadas e prejuízos materiais - os moradores da Vila Pires ainda passarão por mais dificuldades.
Sucessivas reuniões com a Prefeitura, encontros com advogados e defensores públicos e a procura incessante de novas informações com a polícia e a Justiça são algumas das fases que os moradores de Santo André terão de vencer para conseguir iniciar os processos por indenização.
"É uma etapa muito desgastante e morosa. Nos reunimos e optamos por fazer um acordo, as coisas estão andando devagar, mas estão andando", afirmou a analista de suporte Claudine Souza, 32. Apesar da celebração do ajuste, os moradores ainda não receberam nenhum dinheiro, pois os bens dos proprietários estão judicialmente bloqueados.
Mesmo com a maioria das casas no Jardim Ruyce estando em processo de reforma, alguns imóveis ainda estão destruídos, negros pela ação da fumaça, como se o acidente tivesse ocorrido no sábado. Essa lembrança física, que não se apagará cedo, também irá perseguir os moradores da Vila Pires.
"Fora o drama psicológico, hoje, para mim, qualquer barulho diferente faz o coração pular", afirmou a dona de casa Elza Márcia Soares, 41, que diz ter desenvolvido problemas de pressão depois do acidente em Diadema.
Para Claudine, a visão do acidente em Santo André não representou somente a repetição de uma experiência vivida, mas uma preocupação com a região. "Quando vi as imagens de novo, pensei logo: ‘o Grande ABC parece estar cheio de bombas escondidas e ninguém sabe'."
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