Pelo menos 100 famílias permanecem em terreno público na Vila São Pedro, em São Bernardo, que tem reintegração de posse agendada para a manhã de hoje. O grupo, que ocupa a área desde 2 de outubro, descumpre acordo firmado com a Justiça e a Prefeitura para que o local fosse liberado até sexta-feira.

Conforme Maria Nelma Marques Souza, 40 anos, integrante da comissão de moradores, a maior parte das 1.000 famílias que chegaram a ocupar o espaço preferiu deixar o terreno antes da ação policial. “Tenho filho pequeno e medo de violência. Quando vimos que não ia ter jeito, nos reunimos e conversamos. Mesmo assim, o pessoal não quer arredar o pé e fala que vai esperar”, afirmou a doméstica desempregada, mãe de quatro filhos. Ela destaca que conseguiu quantia emprestada para pagar aluguel e se manter no bairro.

De acordo com Maria, não há nenhum grupo ou organização que represente os sem-teto, apenas a comissão escolhida pelos moradores. Com a saída, ela afirmou que espera que a Prefeitura auxilie as famílias. “Participei das reuniões no fórum e não deram nenhuma garantia de ajuda, mas a gente fez um cadastro na Habitação. Espero que quem saiu seja beneficiado com o auxílio-aluguel”, acrescentou.

Questionada, a Prefeitura de São Bernardo afirmou que as famílias recusaram o acordo ofertado pela administração para desocupação do local. A proposta compreendia a saída voluntária dos ocupantes, concessão de três meses de auxílio-aluguel por meio do programa Renda Abrigo e apoio técnico para inserção dos moradores no Programa Minha Casa, Minha Vida Entidades.

“Antes de ser proposta a ação de reintegração de posse, a Secretaria de Habitação recebeu, por duas vezes, representantes dessa ocupação. Foi explicado que esse tipo de ação não é uma solução adequada de moradia e que, nesse caso, há o agravante de colocar sob risco de deslizamento as famílias que residem nas área abaixo do topo de morro, que está sendo ocupado”, afirmou o Paço, em nota.

No sábado, o Diário destacou o problema das invasões irregulares em São Bernardo. Sem fiscalização por parte do poder público, famílias com dificuldade acabam se instalando em áreas públicas. A cidade tem 261 assentamentos precários, onde estão construídos um terço dos domicílios do município atualmente.