Enquanto pintava, o artista, que também é um excelente desenhista, falou ao Diário. Respondia às perguntas e produzia. Questionado se a conversa não o atrapalhava e se, depois, ele poderia levantar para ser fotografado junto de sua pintura concluída mais recente, respondeu: “Faz muito tempo que pinto todo dia. Sou um trabalhador nato, chego a ser compulsivo. Afinal, não sei fazer outra coisa. Podem até pensar que me atrapalham com o papo, mas não. E deixa só eu acabar com essa preta aqui que já levanto para a fotografia”.
À beira dos 80 anos, causa até surpresa a firmeza do punho de Aldemir ao pintar. Sua mão pousa sobre a tela como uma rocha e move-se cuidadosa e harmonicamente, como em um balé. “A mão já foi mais firme. A idade pesa fisicamente na gente. Hoje, até me canso mais ao criar”, diz.
Além dos materiais de trabalho, o espaço do organizado ateliê é tomado por um sem-número de esculturas e suvenires que representam sobretudo figuras humanas e animais – assuntos prediletos entre suas temáticas. “Vejo minha pintura como celebração à vida, por isso me envolvo mais a fundo com determinados temas”, afirma o pintor.
Em baixo volume, uma suave canção domina o ateliê. “A música é minha companheira, sempre pinto com ela, pois ajuda a limpar minha mente”, diz Aldemir, que mantém alguns laços com o Grande ABC.
História – No Colégio Militar de Fortaleza, onde chegou aos 11 anos e permaneceu cinco, Aldemir foi monitor de desenho de sua classe. De 1940 a 1945 esteve no Exército e chegou a cabo-pintor.
Depois, trocou o Ceará pelo Rio, mas ficou pouco tempo na “cidade maravilhosa”. Em 1946 fixou-se em São Paulo, onde vive e trabalha até hoje.
Inúmeras exposições, individuais e coletivas, no Brasil e exterior, figuram em seu currículo. Isso sem falar das muitas premiações que recebeu. Como exemplo, o Prêmio Internacional de Desenho da Bienal de Veneza, de 1956. “Fui o primeiro artista sul-americano a conquistar esse prêmio. É como ganhar o Oscar”, afirma Aldemir.
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