Início
Clube
Banca
Colunista
Redes Sociais
DGABC

Domingo, 28 de Abril de 2024

Candidatos avaliam negociação entre Saned e Sabesp
Marília Montich
Do Diário OnLine
27/09/2016 | 11:38
Compartilhar notícia
Marina Brandão/DGABC


O atual prefeito de Diadema e candidato à reeleição pelo PV, Lauro Michels, negociou em 2013 a entrega da Saned (Companhia de Saneamento Básico de Diadema) à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). O acordo foi de concessão por 30 anos dos serviços de água e esgoto do município em troca do abatimento integral do passivo cobrado (R$ 1,2 bilhão) e de plano de investimento na rede. Houve compromisso de obras no valor de R$ 254 milhões, além de quantias diretas para recapeamento de ruas.

A transação, contudo, causou desconfiança por parte da oposição de Lauro. Em agosto deste ano, a Câmara diademense apreciou pedido de abertura de CPI que questionava a utilização de recursos da Sabesp na compra da Saned. De acordo com os oposicionistas, faltou transparência na gestão verde sobre os investimentos provenientes do negócio. Perguntamos aos candidatos ao Paço como encaram a polêmica transação entre as autarquias.

Para Lauro, é importante deixar claro que a Saned não foi vendida. O que houve, sim, foi uma concessão. “Quando assumimos, optamos por regularizar essa dívida que travava o município e transformá-la em investimento. Isso nos possibilitou realizar o maior Plano de Saneamento Ambiental vivido em Diadema”, explicou. Outro fato a ser destacado, segundo o verde, é que os 300 funcionários da Saned foram absorvidos para o quadro de colaboradores da Sabesp. “Desde o início colocamos essa condição, que foi aceita e ninguém perdeu o emprego”, completou.

Vaguinho do Conselho (PRB) afirmou que o acordo firmado foi “desastroso”, uma vez que a verba paga pela Sabesp poderia ser melhor investida. “Estão destruindo calçadas boas nos centros de bairro enquanto que na periferia faltam obras de drenagem e de adequação de calçadas. Estão asfaltando ruas que não precisavam de recapeamento e deixando muitas outras que realmente precisam sem nenhuma atenção.”

Maninho, do PT, disse que seu partido encara a negociação de forma “extremamente crítica”, pois o atual governo, na prática, abriu mão da titularidade do município na gestão do saneamento em troca de acordo imediatista. “O patrimônio constituído pela Saned e a possibilidade de gerir diretamente os serviços levando em conta os interesses da população de Diadema constituíam um valor infinitamente superior ao acordo perpetrado pela atual gestão. Isto se reflete em queda da qualidade de serviço prestado e aumento da tarifa que penaliza principalmente a população mais vulnerável, com a extinção prática da tarifa social. E não bastasse isto, são questionáveis os critérios que a atual gestão vem adotando para a aplicação dos recursos advindos da venda da Saned, desviando-se do foco do saneamento ambiental previsto na legislação”, afirmou.

Candidato pelo PSD, Taka Yamauchi também criticou o acordo firmado e o classificou como “desperdício de dinheiro público”. “Trata-se de uma empresa que foi mal vendida. Ninguém pagaria por uma empresa ruim. Dinheiro esse, aliás que está sendo mal utilizado. Em vez de investir em obras de saneamento, por exemplo, está sendo usado para a fazer nada. Aí fizeram um recapeamento, na minha visão, mal planejado, eleitoreiro. Recapearam a cidade de forma desordenada, ruas que não precisavam recapear, ruas que estavam boas.”

Virgílio Alcides de Farias (Rede) afirmou que é preciso destacar, antes de mais nada, que a administração da Saned foi “desastrosa” do ponto de vista do interesse público, por ter sido “cabide de emprego” para militantes partidários “desqualificados”. “Nosso governo vai reavaliar a transação feita pelo governo Lauro. Faremos auditoria de gestões com vistas a observar má gerência e responsabilizar gestores pretérito e atual que acaso deram causa ao rombo financeiro que a Saned foi submetida”, prometeu.

Silvino Roque Neto, do PMN, também disse ver grande erro da atual gestão ao negociar o bem público que foi adquirido com esforço por outras gestões a título de pagamento de dívida. “Ao entregá-lo, recebeu dinheiro que deveria ser utilizados em saneamento básico, mas que foi empregado em asfalto. Erros como este comprometem o futuro e pagaremos muito caro por eles.”

Já José dos Santos Cruz (Psol) disse que a Saned sofre assim como as demais empresas públicas e uma série de medidas deve ser adotada em seu eventual governo nesse sentido, tais como “planejar políticas públicas que preparem Diadema para o crescimento das próximas décadas, rever e reestruturar processos e procedimentos na administração municipal e em todas as secretarias, eliminando desperdícios em todos os setores, efetivar o processo de gestão democrática contínua e descentralizada e garantir o direito à cidade com fortalecimento de politicas públicas e participativas”, entre outras.

Por fim, o postulante Vandival Ferreira, do PCO, disse que a negociação entre Sabesp e Saned trata-se de “desserviço a Diadema”, já que “coloca o abastecimento de água nas mãos de capitalistas que só pensam no lucro e, para isso, prestam um serviço de péssima qualidade e em que a população não tem controle do que está sendo feito.”

O candidato Ivanci Vieira dos Santos (PSTU) não foi encontrado pela reportagem e não retornou ligações ou mensagens.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.