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Segunda-Feira, 29 de Abril de 2024

Alta tecnologia em voos: aliada ou vilã?
Caroline Eidt
Ciência Hoje/RS
05/10/2009 | 07:01
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Acidentes aéreos ganharam as páginas do noticiário nacional e internacional nos últimos tempos levantando a questão: até que ponto a tecnologia garante a segurança dos voos? Especialistas avaliam que, apesar dos avanços tecnológicos, o incremento na segurança não foi significativo. Sistemas de análise e monitoramento que passam características como velocidade e altitude para a operadora estão entre as novidades criadas. Entretanto, o número de desastres não diminuiu.

Várias aeronaves, como o Airbus A330, da Air France, que caiu no Oceano Atlântico quando fazia a rota Rio-Paris com 228 pessoas a bordo, contam com sistemas automatizados que reduzem a interferência do piloto, visando evitar falhas humanas. O professor e instrutor de voo Éder Henriqson, da Faca (Faculdade de Ciências Aeronáuticas) da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), analisa esse tipo de falha sob perspectiva pouco difundida: a de que o erro não é uma ação equivocada, mas atitude racional que se reflete no sistema. Segundo ele, a partir dessa visão - em que um acidente ou incidente nunca é decorrência de um único fator - pode-se entender o contexto dos acontecimentos, facilitando o desenvolvimento de novas estratégias de segurança de voo.

"O piloto precisa ter autonomia para lidar com algo que não está previsto, podendo recuperar possíveis falhas do sistema", acredita.

MÁQUINA E HOMEM - Henriqson lembra que, na visão tradicional, aperfeiçoa-se a tecnologia para evitar erros, pois o ser humano é visto como a parte frágil do sistema. Porém, os recentes desastres aéreos apontam que tal filosofia pode estar se mostrando restrita.

O piloto Luiz Felipe Barros de Barros explica: "Os aviões são seguros, mas a gente fica com o pé atrás quando aparecem problemas técnicos. Na maioria das vezes, o piloto não tem tempo de reagir".

Vice-diretor da Faca e ex-gerente de engenharia da antiga Varig, Hildebrando Hoffmann acredita que o grau de conhecimento da maioria dos pilotos não é tão profundo, o que pode prejudicar a tomada de decisões em situações de emergência.

Na visão de Henriqson, um equipamento tolerante à adaptação do operador contribuiria para aumentar a segurança de voo. Com essa flexibilidade, o piloto teria mais capacidade de improviso e de lidar com o que é complexo. A opinião é compartilhada pelo comandante Barros. "A automação veio para auxiliar o piloto e nunca deverá sobrepujá-lo."




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