As micro e pequenas empresas brasileiras registraram em agosto o maior nível de pontualidade de pagamento em toda a série histórica da pesquisa da Serasa Experian (iniciada em 2006) sobre o tema.

Depois de ter caído levemente em julho, o indicador voltou a subir e atingiu o patamar recorde de 95,7%. Isso significa que a cada 1.000 pagamentos efetuados, 957 foram quitados na data certa ou com no máximo sete dias de atraso.

Para o gerente de indicadores de mercado da Serasa, Luiz Rabi, a melhora no índice está ligada à recuperação econômica. Isso porque há relação direta entre pontualidade e saúde financeira, cita o economista. "Um dos primeiros sintomas de que a empresa está com problemas é quando começa a atrasar as contas", afirmou. No auge da crise global de crédito, em janeiro de 2009, o indicador atingiu o menor índice da série histórica, ao ficar em 92,9%.

Rabi acrescenta que, somada à melhora da economia, normalmente neste período do ano, a pontualidade das empresas cresce. Isso porque as indústrias aceleram a produção e comércio precisa ter as contas em dias para ampliar estoques para as vendas de fim de ano.

Em todos os setores, a pontualidade de pagamentos melhorou. A maior delas foi observada no segmento de serviços (95,9%), seguida pelo comércio (95,6%) e, por fim, pelas indústrias (95,2%).

Rabi explica que está mais elevada nos setores que possuem no mercado doméstico seu principal foco de atuação. Isso porque o baixo dinamismo da economia mundial e o câmbio valorizado prejudicam alguns segmentos, dificultando-os a honrar pontualmente seus compromissos financeiros.

No mercado interno, o nível do emprego em alta, a expansão na renda da população e índice de inadimplência sob controle, apontados por outros levantamentos, também ajudam a explicar o bom desempenho das pequenas empresas, avalia o presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Sidnei Muneratti.

EXPECTATIVA
Para Muneratti, a entrada de recursos proveniente dos acordos salariais do segmento metalúrgico, que devem injetar cerca de R$ 150 milhões na economia do Grande ABC será importante para o desenvolvimento do comércio. Dessa forma, ele avalia que há a perspectiva de que a pontualidade de pagamento se mantenha elevada.