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Sábado, 27 de Abril de 2024

Cores, pinturas e
retratos da superação

Peça sobre Anita Malfatti, que estreia amanhã no Teatro
Elis Regina, em S.Bernardo, recria histórias da vida pintora

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
01/03/2012 | 07:04
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Anita Malfatti (1889- 1964) tinha 13 anos, uma atrofia no braço e na mão direita, e sofria por não saber o que gostaria de fazer da vida. Deitou-se nos trilhos do trem e esperou os vagões passarem, na esperança de que a experiência radical lhe moldaria a personalidade. O que viu foram cores, surpreendentes e fantásticas, que a acompanharam por toda a sua vida, que ganha novo tom a partir de amanhã, com a estreia de 'Anita Malfatti', no Teatro Elis Regina, em São Bernardo.

A são-bernardense Claudia Jordão, que assumiu a pesquisa, o texto e a interpretação da montagem, sobe ao palco dirigida por José Roberto Pereira.

Em parceria com o Instituto de Estudos Brasileiros da USP, a atriz e dramaturga vasculhou cartas, fotos e volumes de estudos sobre a pintora que foi vanguarda na arte brasileira junto aos seus companheiros da Semana de Arte Moderna de 1922.

O tema surgiu a partir de projeto teatral sobre o manifesto artístico. Em busca de personagem ou conflito para ilustrar o acontecimento histórico, Claudia se deparou com a história de Anita.

"Descobri uma mulher fantástica, que aos 19 anos recebe a possibilidade de estudar pintura na Alemanha e que não conhecia nem os movimentos artísticos brasileiros. Que chega à Europa com a efervescência das vanguardas européias, vai para os Estados Unidos e volta com características impressionistas. É massacrada pelos familiares, e até por Monteiro Lobato, mas não desiste", diz a atriz.

A narrativa segue em duas tramas. A primeira traz a personagem mais velha, logo após a morte do seu grande parceiro e provável amor platônico Mário de Andrade. A segunda, transcorre na infância, adolescência e início da vida adulta - e contato com a arte - da pintora.

Tratada por muitos como pessoa infeliz e introspectiva, Anita Malfatti, na obra, é pincelada pelo amor que teve pela pintura. "Ela era encantada pela arte, à frente do seu tempo, se envolveu inteiramente com tudo que fez. É dela a frase: ‘Só esperava com alegria que surgisse, dentro da forma e da cor aparente a mudança; eu pintava numa diapasão diferente, e era essa música da cor, que me confortava e enriquecia minha vida'", lembra Claudia.

O trabalho de pesquisa, rico, foi preocupação da atriz na transposição para o palco."História por história vira palestra. Comecei a perceber que precisava deixar que Anita se sobressaíse à pesquisa. Ela aparece em recursos poéticos, líricos. Lenços representam cores, molduras brancas servem de portais."

Para ela, além da representação da vida de uma das maiores artistas do Brasil, a incursão serve como exemplo de determinação e superação. "Foi uma mulher que, apesar das dúvidas sobre o caminho que deveria seguir, da deficiência e das críticas, não se abalou e não guardou os pincéis."

Anita Malfatti - Teatro. No Teatro Elis Regina - Avenida João Firmino, 900, São Bernardo. Tel.: 4351-3479. Amanhã, às 20h; sáb., às 21h e dom., às 19h. Ingr.: R$ 20.




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